Levantamento da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segur ança Pública) revela uma triste estatística em Mato Grosso do Sul: de 1º de fevereiro a 31 de julho deste ano 20 mulheres foram assassinadas, ou seja, a cada nove dias uma mulher foi vítima de feminicídio no Estado.
Entre os casos mais recentes está o da professora Cinira de Brito, de 52 anos, morta na quinta-feira (31) dentro de casa em Ribas do Rio Pardo (MS) pelo companheiro. Conforme relatos da família, a vítima sofria violência psicológica e havia sido isolada do convívio com amigos e parentes.
No mesmo mês, a jovem Juliete Vieira, de 26 anos, foi morta com um golpe de faca no pescoço, em Naviraí (MS). O autor foi o próprio irmão, que primeiro alegou se tratar de uma brincadeira de luta.
O primeiro feminicídio do ano ocorreu em 1º de fevereiro, na cidade de Caarapó (MS), e teve como vítima Karina Corim, de 29 anos. Ela foi baleada pelo ex‑companheiro dentro de sua loja de acessórios para celular, enquanto estava com uma amiga e uma cliente.
O agressor invadiu o estabelecimento, exigiu que a cliente saísse, atirou em Karina à queima-roupa e, em seguida, ateou fogo ao local. A amiga, Aline Rodrigues, também sofreu disparos e morreu.
Renan Dantas Valenzuela, 31 anos, tirou a própria vida no hospital algumas horas depois. Karina chegou a ser socorrida e transferida para o Hospital da Vida, em Dourados (MS), mas morreu em 4 de fevereiro. A jovem havia registrado denúncias contra o ex no dia anterior, solicitando medida protetiva.
Do início do ano até aqui, alguns crimes marcaram a opinião pública pela brutalidade ou pelo simbolismo. Foi o caso da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada em Campo Grande (MS) no dia 12 de fevereiro. Em áudio, Vanessa reclamava do atendimento na delegacia, o que provocou mudanças profundas na forma de abordagem.
Outro caso de grande comoção foi o duplo feminicídio, também na Capital, de Vanessa Eugênia Medeiros e da filha, a bebê Sophie Eugênia, de apenas dez meses, mortas em 26 de maio. O autor foi o companheiro de Vanessa e pai da criança. Ele tentou simular um desaparecimento para despistar a polícia, mas acabou preso em flagrante.
O crime de feminicídio é definido no Código Penal como o homicídio praticado “contra a mulher por razões da condição do sexo feminino”. A pena prevista é de 12 a 30 anos de reclusão, com agravantes que podem elevar a punição, como quando a vítima está grávida, é menor de 14 anos ou possui alguma deficiência.