A divulgação do inquérito da Polícia Federal contra o deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, calou o “nobre” parlamentar nas mídias sociais, onde ele costumava ser muito atuante. Desde que vieram à tona detalhes da operação da PF que resultou na prisão dele por porte de arma de uso restrito, disparos de arma de fogo em via pública e falsa comunicação de crime de atentado, Tio Trutis calou-se.
Os famosos vídeos detonando a Assembleia Legislativa e os deputados estaduais, ou disparando contra o CEM (Centro de Especialidades Médicas) de Campo Grande, ou ainda criticando a administração do prefeito reeleito Marquinhos Trad (PSD), não foram mais postados nas mídias sociais do deputado federal.
O último, por sinal, foi na semana passada, logo depois que foi solto pela PF. Em vídeo postado nas redes sociais, Tio Trutis resolveu “disparar” chumbo grosso contra a senadora Soraya Thronicke (PSL/MS) e contra o vereador Vinícius Siqueira (PSL), ambos aliados até bem pouco tempo e agora são classificados como desafetos declarado.
Na gravação, ele chamou Vinícius Siqueira de mentiroso e acusou Soraya Thronicke de fraude por tentar destituí-lo da função de presidente do PSL de Campo Grande. Tio Trutis fala sobre a briga interna, que o retirou da disputa a prefeito em Campo Grande, após decisão da Justiça Eleitoral. No seu lugar ficou Siqueira, que conseguiu aval no TRE-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), após denúncia de que houve fraude na convenção.
Em contra-ataque, o deputado mostra um áudio de Siqueira dizendo que gostaria de ser candidato a vereador, e que até seria o “mais votado da cidade”. “Ele demonstra a vontade de ser candidato à reeleição (vereador), desistindo da vaga a prefeito, para a qual eu o convidei e que investimos R$ 100 mil na sua pré-campanha”, falou no vídeo o “nobre” deputado federal.
Ainda no vídeo, ele afirma que Siqueira “faltou com a verdade” em juízo e nas entrevistas, e que nunca “puxou seu tapete” do vereador. “Eu que fui enganado em toda esta história”, garantiu. No mesmo vídeo, Tio Trutis faz ataques a Soraya ao dizer que ela cometeu fraude ao tentar retirá-lo duas vezes do cargo de presidente municipal do PSL. “Ela fez isto 48 horas após a convenção, usando a senha do sistema, para colocar seu primo no lugar”, afirmou.
Ele conta que seu desentendimento com a senadora ocorreu porque foi contra a ação para cassar o mandato de Renan Contar (PSL) e ainda demitiu do seu gabinete, um funcionário indicado pela senadora. “O Sindoley Morais (funcionário), indicado por ela, foi o único que demiti por incompetência e agora foi indicado para ser candidato a prefeito em Paranaíba”.
O deputado alega que mudou de candidato (prefeito) um dia antes da convenção, após seis pesquisas realizadas pela direção nacional do PSL. “Com base nestes números, a executiva me convidou para ser o candidato a prefeito, por isso informei o Siqueira e ainda o chamei para ser o vice ou ir para reeleição”, finalizou.
Depois disso, Tio Trutis adotou um “caladão” nas suas mídias sociais e a explicação talvez seja o fato de a Corregedoria da Câmara Federal informar que vai dar prazo de cinco dias para que ele se manifeste sobre o inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O corregedor da Casa de Leis, deputado federal Paulo Bergston (PTB/PA), informou que só falta o documento chegar ao órgão, sendo que o STF comunicou a Câmara dos Deputados na semana passada. A investigação deriva da “Operação Tracker”, desenvolvida na quinta-feira (12) pela PF para cumprir mandados de busca e apreensão em 10 endereços ligados ao parlamentar da “Bancada da Bala”.
Conforme a Polícia Federal relatou ao STF para pedir autorização para realizar as buscas, Tio Trutis forjou atentado em fevereiro deste ano, em rodovia de Campo Grande, na saída para Sidrolândia. Além disso, arquitetou esquema para ter acesso a armas por meio de laranjas, já que tem impeditivo legal para isso.
Declaração do próprio parlamentar informou à PF que ele responde a processo por violência doméstica e por isso não pode registrar armas em seu nome. No dia da operação, Tio Trutis acabou preso por estar com material bélico para o qual não possui autorização, em sua casa em Campo Grande. Ele foi solto horas depois, beneficiado pela imunidade parlamentar, que impede a prisão de parlamentares por crimes afiançáveis.
Agora, o “nobre” parlamentar segue respondendo ao procedimento investigatório policial e, também, a julgamento da Câmara dos Deputados. Ele será notificado, terá cinco dias úteis para apresentar defesa e depois teremos um tempo para fazer o nosso parecer, o nosso relatório pedindo ou não a abertura de processo, de acordo com o material que chegar a nossa mão”, declarou o parlamentar do Pará.
De acordo com ele, ainda não tem conhecimento dos autos, mas essa é a praxe em casos do tipo. O julgamento na Câmara tem teor político. Em resumo, o objetivo é definir se houve ou não quebra de decoro parlamentar. Pelas regras, “Tio Trutis” corre risco até de perder o mandato. “Conforme o tipo de representação, cabe desde reprimenda, suspensão de mandato por até seis meses, ou a perda de mandato”, explicou Bergston.
A Corregedoria faz um parecer, que vai para a Mesa Diretora, responsável por encaminhar ou não ao Conselho de Ética, que também dá sua palavra. Nas duas fases, o andamento pode ser o arquivamento. O julgamento final é no plenário, ou seja, o futuro de Trutis como deputado federal está nas mãos dos colegas da Câmara Federal.
Na atual legislatura, ele é o quarto parlamentar a enfrentar esse risco. A mais recente é Flordelis, a parlamentar do PSD do Rio de Janeiro acusada de mandar matar o marido. O processo dela não foi concluído ainda. Tio Trutis só se pronunciou sobre as acusações até agora em vídeos nas redes sociais. Atacou a imprensa, disse que suas armas são legais, e até negou ter sido preso.
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