TJ nega liberdade ao advogado Bruno Ghizzi acusado de ligação com PCC, Vai ficar no escritório do crime.

Preso há 98 dias pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) por ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), o advogado Bruno Ghizzi teve negado ontem (18) pedido de habeas corpus pelos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Trata-se da 3ª vez que a Justiça de Mato Grosso do Sul negou um pedido de liberdade feito pela defesa do advogado e, pela 2ª vez, a negativa veio diretamente do TJMS, onde os desembargadores decidiram, por unanimidade, manter a prisão preventiva de Bruno Ghizzi por entenderem que o acusado preenche todos os requisitos para permanecer preso como, por exemplo, o risco de interferir no andamento das investigações.

A primeira tentativa de ser solto foi um pedido feito em 9 de maio à 6ª Vara Criminal de Competência Residual, que negou a liberdade do investigado. No mesmo dia, a defesa entrou com pedido em 2ª instância, isto é, no TJMS, ocasião em que os desembargadores da 2ª Vara Criminal negaram o recurso pela primeira vez, sob o argumento de que a prisão de Bruno está embasada na garantia da ordem pública.

Neste terceiro pedido, a defesa do advogado alega que Bruno Ghizzi está preso há quase 100 dias e que nesse tempo não houve revisão da necessidade da prisão. Além disso, o pedido ainda aponta que o crime do qual o advogado é acusado não envolveu violência ou ameaça. Por fim, os advogados do investigado argumentam que outros três acusados que também estavam presos preventivamente já foram colocados em liberdade.

Sintonia dos Gravatas

De acordo com o Gaeco, Bruno Ghizzi, que era assessor jurídico da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, conseguia dados sigilosos por meio de servidores do órgão e de uma funcionária de uma empresa de telefonia, as quais beneficiavam as ações do PCC. Conforme o Gaeco, ele também conseguia informações sigilosas de empresas de telefonia celular através de uma funcionária do setor administrativo, que facilitava o acesso do advogado a números telefônicos e cadastros de pessoas físicas.

“É esclarecido que o advogado, com auxílio de terceiros, sistematicamente violaria o sigilo de dados de pessoas diversas, no Estado de Mato Grosso do Sul, para atender interesses pessoais”, pontuou o Gaeco. Bruno Ghizzi não era concursado e foi desligado do cargo após a “Operação Courrier” e sua exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 30 de março.

A operação cumpriu ao todo 38 mandados judiciais e mira o núcleo Sintonia dos Gravatas, organização criminosa em que advogados usavam de suas funções para transmitir recados aos integrantes presos do PCC. Além disso, segundo o Gaeco, o grupo articulava atentados à vida de agentes públicos.