O caos deixado pelo prefeito Alcides Bernal, como contas bloqueadas pela Justiça, mil servidores sem 13º salário, mais mil comissionados aguardando o pagamento da exoneração, outros quatro mil contratados da Omep e Seleta aguardando o acerto da demissão determinada pela Justiça, contas no vermelho, repasses atrasados, rompimento do contrato com a Solurb, suspensão da licitação dos kits escolares e ruas da cidade cheias de buraco, enfim, é muita tristeza para toda a população de Campo Grande. Certo?
Errado. Pelo menos uma pessoa está muito feliz com essa total situação de abandono da Capital: o prefeito diplomado Marquinhos Trad. O leitor pode até questionar o porquê disso, afinal, não é ele quem terá de solucionar os inúmeros problemas?
No entanto, a explicação é muito simples, pois, com o completo cenário de terra arrasada, a população vai demorar a cobrar do novo prefeito o cumprimento das promessas mirabolantes feitas durante a campanha, principalmente, nas áreas de transporte coletivo urbano e saúde pública.
Se o leitor tem memória curta, o Blog do Nélio vai refrescar algumas dessas “falácias” proferidas durante as eleições municipais deste ano. Na área de saúde, por exemplo, Marquinhos Trad prometeu ampliar horários de funcionamento das farmácias da rede municipal de saúde de forma que elas fiquem abertas 24 horas.
Além disso, disse que pretende ampliar o atendimento no chamado “terceiro turno” para desafogar o atendimento que não é realizado de manhã e de tarde. De acordo com ele, não falta dinheiro para desenvolver ações na saúde, já que o orçamento do município este ano é de R$ 3,6 bilhões, dos quais 37% foram para o setor, o que corresponde a aproximadamente R$ 1,6 bilhão.
Por isso, Marquinhos acredita que desafogar o SUS na cidade envolve gestão e definição de prioridades. Em um primeiro momento, segundo ele, será necessário reestruturar o sistema com uma boa administração e investimento em tecnologia.
Além disso, é necessário colocar os postos de saúde existentes para funcionar de forma adequada. Ele pretende reformar algumas unidades de saúde e transformá-las nas Clínicas da Família, onde terão acompanhamento adequado e tratamento diferenciado, desde consulta até encaminhamento para cirurgias, por meio de um sistema informatizado que interligará as unidades e farmácias públicas com funcionamento 24 horas nas UPAs.
Coisa de primeiro mundo, para não dizer, um sistema de saúde pública melhor que o da Suíça, mas, isso, claro, se fosse possível. Porém, como o Bernal está deixando a cidade totalmente destruída, esse sistema de saúde do primeiro mundo vai demorar um pouco, talvez, todo o mandato de Marquinhos Trad, isso se ele realmente decidir cumprir a promessa, o que, convenhamos, é quase impossível.
GPS e ar condicionado
Outra promessa de campanha que não deve passar disso é o de melhorar o serviço de transporte coletivo urbano, colocando ônibus novos e com ar condicionado, além da instalação de um sistema de GPS nos veículos que permitirá aos usuários acompanhar a localização dos ônibus em tempo real.
Infelizmente, caro leitor, isso não vai acontecer e as principais reclamações da população, que são a superlotação, o mau estado de conservação dos veículos e a demora, vão continuar os mesmos. Até porque a frota de ônibus em Campo Grande está defasada, com apenas 595 veículos para atender os mais de 300 mil usuários diários.
Além disso, o velho problema da ausência de ar condicionado em uma cidade que tem épocas do ano que chega até a 40 graus também não será solucionado. “Isso já é realidade em muitas capitais do Brasil. Campo Grande está atrasada em relação a isso e, devido ao nosso clima, deveria ser uma das primeiras. Vou cobrar e exigir isso. Vamos colocar ar condicionado nos ônibus da nossa cidade”, garantiu Marquinhos Trad em entrevista logo após ser eleito.
Com o início da estação mais quente do ano e as altas temperaturas registradas em Campo Grande diariamente, a falta de ar condicionado é o principal problema para os usuários. Diariamente, conforme levantamento obtido junto à Prefeitura, 300 mil passageiros utilizam os 595 ônibus de transporte coletivo da Capital e, para desespero dessas pessoas, a maioria não tem ar condicionado e os que têm o aparelho não funciona.
O prefeito diplomado até usa o oferecimento desse “conforto” a mais para os usuários como justificativa para o aumento da tarifa, que já foi reajustada e deve novamente ter nova alta no primeiro semestre de 2017, chegando aos R$ 4,00. “Acredito que o usuário não reclamaria tanto do valor se tivesse qualidade. Não só o transporte coletivo, mas os terminais e pontos de ônibus. Vamos ter uma posição firme e contundente. Eles [os empresários] devem fazer a parte deles. A concessionária recebe valores altíssimos e praticamente tem um monopólio”, destacou Marquinhos Trad.
Mas isso não vai acontecer, custaria muito dinheiro. Reformar os ônibus existentes é inviável, e a substituição da frota seria escalonada, ou seja, os ônibus não terão ar condicionado. Quanto a GPS, a situação seria mais fácil de instalação para o usuário acompanhar onde o veículo está.
Mas quem disse que os empresários vão fazer isso? Eles vivem “chorando” custos há décadas e fazem o mínimo possível para conseguir o máximo de lucro. Portanto, meu caro leitor, o candidato Marquinhos prometeu, o prefeito Marquinhos não vai fazer. Ou seja, como ele fez na campanha todo.
A única certa é de que a tarifa vai continuar subindo anualmente e, se bobear, terá dois reajustes anuais para aplacar o “caos” deixado pelo seu antecessor, que inclusive fez campanha para ele no segundo turno das eleições.
Inclusive, o tal “amor” tão difundido no segundo turno parece que já acabou, pois, basta comparar as declarações feitas à imprensa nas últimas 24 horas para entender bem isso.
“Até acredita que uma parte do desempenho do prefeito tenha sido prejudicado por conta da cassação, uma parcela pode ser debitada a esse fator. Mas existe uma teoria da vitimologia. A pessoa adota a postura de vítima, mas até que ponto essa vítima contribuiu para que fosse prejudicado a gestão dele? O Bernal ganhou voto e achou que ganhou passaporte para a ilegalidade”, afirmou Marquinhos ao comentar o fim da gestão do aliado.
“Para o Bernal, quanto pior, melhor. O que ele deseja com isso? Deixar a cidade mais suja do que ele já tem deixado. É o que ele quer. Não está pensando na legalidade do contrato. Essa questão está judicializada. E se é um contrato tão ilegal a ponto de romper, poderia ter feito isso durante todo o tempo de gestão, não a três dias do fim do mandato”, disparou o prefeito diplomado sobre a decisão de Bernal de suspender o contrato com a Solurb.
É, caro leitor, o início da administração de Marquinhos Trad promete.
Adeus, Bernal!!!!!!!!