Sem prazo para “Casa da Criança”, atendimento infantil será feito em sala da Cepol

A “Casa da Criança”, que foi anunciada como medida para melhorar o atendimento de crianças vítimas de violência, ainda não tem prazo para começar a ser construída.

 

Por isso, para suprir essa demanda, a Polícia Civil, nas próximas semanas, deve migrar os atendimentos que hoje são feitos na Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher) para o Cepol (Centro de Atendimento à Criança, dentro do Centro Especializado de Polícia Integrada).

 

A Sejups (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) informou que desde o início a “Casa da Criança” foi planejada para ser construída a médio prazo, já que esbarra em questões burocráticas como doação de terreno para a edificação e licitação para contratar a empreiteira que executará a obra e por isso vítimas de violência estão sendo acolhidas provisoriamente na Casa da Mulher Brasileira.

 

Ainda em nota, a Sejusp informou que o atendimento funcionará após às 18h00, aos fins de semana e aos feriados, seguindo o regime de plantão.  A medida foi pensada após a morte de Sophia de Jesus Ocampo, de dois anos, que faleceu após ser espancada pela mãe e pelo padrasto, em 26 de janeiro deste mês.

 

À época, o caso repercutiu e as autoridades de Segurança passaram a pensar em medidas para que a atenção às crianças fosse aperfeiçoada. Porém, como já mostrado pelo Correio do Estado, após três meses, as ações não avançaram como o esperado.

 

Sem Casa da Criança e sem a ativação do centro especializado, vítimas de violência física e sexual estão sendo recebidas na Deam, contudo, a precarização continua e afeta diretamente meninos e meninas que precisam de acolhimento.

 

De acordo com o presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares de Mato Grosso do Sul, Adriano Vargas, informou que casos de crianças sendo negligenciadas pela equipe do local são comuns, já que, segundo ele, nem mesmo o departamento de assistência social se dispõe a fazer o atendimento.

 

Além disso, Adriano Vargas ainda conta que relatos de conselheiros tutelares apontam que além de não poderem usar as camas disponíveis no local e precisarem dormir sentadas, elas também estavam sendo impedidas de usar a brinquedoteca enquanto esperam atendimento.

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Até mesmo o atendimento na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) é deficiente em Campo Grande, inclusive com longas horas de espera. De acordo com a advogada que representa o pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo, a delegacia não conta nem sequer com pessoas capacitadas para fazer escuta especial, o que é primordial para dar sequência nas investigações de possíveis crimes contra crianças.