Rose deixou ‘título’ de professora para conquistar patrimônio milionário em 16 anos na política

Em seus 16 anos de vida pública, a candidata à prefeitura de Campo Grande, Rose Modesto (União Brasil), passou por uma transformação que vai muito além de sua trajetória eleitoral. O que começou com o título de “professora” estampado em seu nome de urna, em 2008, deu lugar a uma figura política poderosa, com um patrimônio milionário e uma carreira moldada no jogo político. De uma humilde educadora disputando uma vaga de vereadora, Rose se consolidou como uma das principais figuras políticas do estado, mas essa ascensão meteórica tem gerado questionamentos e desconfiança, especialmente em um segundo turno acirrado contra a atual prefeita Adriane Lopes (PP).

Até 2015, Rose carregava com orgulho o título de “professora” em seu nome de urna, um símbolo de suas raízes e da proximidade com a educação pública. No entanto, ao disputar sua primeira eleição majoritária à prefeitura em 2016, a “Professora Rose” deu lugar simplesmente a “Rose Modesto”, marcando uma mudança de imagem que reflete não apenas sua evolução política, mas também sua entrada definitiva no circuito das elites políticas e financeiras.

Quando ingressou na política, em 2008, Rose declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 197 mil. Seus bens incluíam um apartamento modesto no condomínio popular Ibiza, avaliado em R$ 140 mil, uma chácara de R$ 20 mil e um Fiat Uno 2008, no valor de R$ 33 mil. Com o passar dos anos e a sequência de cargos políticos ocupados — vereadora, vice-governadora, deputada federal e superintendente da Sudeco —, seu patrimônio deu um salto vertiginoso. Hoje, a ex-professora acumula bens que ultrapassam R$ 1,1 milhão, incluindo um apartamento avaliado em R$ 700 mil e uma Toyota Hilux SW4 no valor de R$ 133.900.

Essa evolução patrimonial de mais de 200% em pouco menos de duas décadas, embora não seja incomum no meio político, levantou suspeitas sobre como Rose conseguiu acumular tal fortuna em tão pouco tempo. Além dos imóveis e veículos de luxo, Rose declara ter R$ 50 mil em espécie e um empréstimo de R$ 200 mil. No entanto, o que mais desperta curiosidade é sua participação de 50% nas cotas da empresa de construção civil RCO Comércio e Serviços ME, localizada em Porto Velho, Rondônia, da qual é sócia com sua mãe, que já ultrapassa os 80 anos. Esse investimento em um setor fora do estado acendeu o alerta para os críticos, que se perguntam sobre a transparência e a origem dos recursos.

A trajetória de Rose Modesto, que já foi elogiada por sua dedicação à vida pública, agora é vista com ressalvas. Críticos, incluindo ex-aliados, apontam que ela se afastou de suas raízes como educadora e se aproximou do lado mais pragmático e conveniente da política. Suas rápidas mudanças de partido e o distanciamento de bandeiras sociais reforçam a percepção de que Rose fez da política sua profissão — uma que lhe trouxe não apenas poder, mas também prosperidade financeira.

No contexto atual, sua adversária no segundo turno, Adriane Lopes, busca explorar essa narrativa, apresentando-se como uma gestora comprometida com o bem público e contrastando sua trajetória com a de Rose, que se vê obrigada a lidar com as suspeitas de que teria utilizado a política como trampolim para enriquecimento pessoal.

Para o eleitor de Campo Grande, a ascensão de Rose, de uma simples professora a uma milionária envolvida no setor de construção civil, levanta uma questão fundamental: até que ponto sua candidatura à prefeitura é motivada pelo desejo de servir ao interesse público, ou se é mais um passo na consolidação de sua carreira e patrimônio pessoal. Em uma eleição polarizada e marcada por desconfiança, esses questionamentos podem ser decisivos para definir o futuro político de Rose Modesto.