A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), comunicou, nesta terça-feira (10), que não vai conceder, pelo terceiro ano consecutivo, aumento salarial para os cerca de 40 mil servidores da Prefeitura Municipal.
Pela Constituição Federal, os servidores têm direito a reajuste linear dos salários. No entanto, a prefeita ignora a Constituição Federal justamente depois que a própria teve aumentado o próprio salário, que saltou de R$ 21.263,62 para R$ 26.943,05, alcançando a cifra de R$ 31.915,80 em fevereiro de 2027, conforme estabelece a Lei nº 7.398/2025.
“Esse ano não teremos reajuste para todas as categorias dos servidores municipais, mas teve pontualmente para algumas categorias que estavam em déficit desde o ano passado”, disse a prefeita.
Desde 2022 os funcionários da Prefeitura Municipal de Campo Grande não recebem reajuste linear, que é a reposição da inflação. Além disso, a data-base para essas negociações era maio, o que significa que apesar de ter ocorrido negociações, a prefeita optou por não reajustar.
“Estudo técnico”
Em maio, a prefeita admitiu a possibilidade de reajuste, mas não estipulou datas e afirmou que a pauta estava sendo estudada e ainda que haveria uma reunião com a comissão de secretários para definir eventual avanço.
“Essa decisão faz parte de um estudo técnico, e nos próximos dias, nós pretendemos anunciar qual medida será adotada diante dos dados levantados no mês de maio, para só então tomar a decisão”, afirmou a Adriane na época.
O último reajuste foi de 10%, concedido na gestão de Marquinhos Trad (PDT). Desde a posse de Adriane, o funcionalismo municipal não teve mais reajuste linear.
Sem constrangimento
Apesar de negar o reajuste linear aos servidores, Adriane Lopes não teve nenhum constrangimento ao sancionar a Lei nº 7.398/2025, no dia 24 de abril, que estabeleceu o reajuste escalonado dos salários dela própria, da vice-prefeita Camila Nascimento (PP), de secretários municipais, dirigentes de autarquias e de cerca de 500 servidores que recebem pelo teto municipal.
O projeto de lei foi aprovado em regime de urgência, pela Câmara Municipal de Campo Grande, com efeito retroativo a fevereiro. A medida, segundo denunciou o vereador Marquinhos Trad (PDT), que votou contra a proposta, beneficiou apenas um grupo restrito de servidores com altos salários, representando apenas 1,66% do quadro da Prefeitura.
Os secretários municipais e dirigentes de autarquias que recebiam abaixo do teto, também receberam reajuste. Com a sanção da lei, já em abril desse ano, eles passaram a receber R$ 19.028,90. Em fevereiro de 2026, o valor passará para R$ 25.511,95, e por último, em fevereiro de 2027, no último ano de gestão de Adriane Lopes, o valor passa para R$ 30.142,70.