Quase um mês presos, Justiça não quer ver Names e quadrilha na rua. Mais um pedido negado

Nesta sexta-feira (25), completam quatro semanas que o empresário Jamil Name, 83 anos, e o filho dele, Jamil Name Filho, estão presos por liderarem uma organização criminosa suspeita de vários crimes de pistolagem ocorridos nos últimos anos em Campo Grande (MS). Eles, juntamente com os policiais Márcio Cavalcante da Silva e Vladenilson Olmedo, estão presos desde o dia 27 de setembro e, no momento, estão alojados no Presídio Federal de Campo Grande, onde aguardam transferência para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Para agravar a situação, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou o pedido de prisão domiciliar solicitado pela defesa de Jamil Name, que está desde o dia 12 deste mês na Penitenciária Federal de Campo Grande. Na decisão do ministro Rogério Schietti Cruz, da 6ª Turma do STJ, a afirmação de que “não há elemento destinado a evidenciar a ineficiência estatal em prestar tratamento de saúde de que precisa o acusado” e, ainda segundo o despacho, não foi trazido aos autos documento que comprove a idade do paciente.

Nesta quarta-feira (23), um aditamento de denúncia contra Jamil Name, Jamil Name Filho, Márcio Cavalcanti da Silva, conhecido como ‘Corno’, o guarda-municipal Rafael Antunes, e Vladenilson Daniel Olmedo conhecido como ‘Vlad’, pelos crimes de posse, aquisição, transporte, recebimento e ocultação de armas de fogo. A denúncia apresentada nesta quarta (23) pelo MPE (Ministério Público Estadual) aponta o empresário Jamil Name e seu filho como chefes de um grupo de extermínio responsável por várias execuções no Estado, em especial em Campo Grande.

Ainda segunda a denúncia, Jamil Name conhecido dentro do grupo como ‘Velho’ e o filho chamado de ‘Guri’ estariam envolvidos nos assassinatos de Ilson Figueiredo, morto a tiros de fuzil em junho de 2018, Orlando Bomba morto em outubro de 2018 e Matheus Coutinho assassinado com tiros de fuzil em abril de 2019. No dia 15 deste mês, os desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso) negaram o pedido de habeas do empresário Jamil Name, Jamil Name Filho, e também dos policiais Vladenilson Olmedo e Márcio Cavalcanti.

Além disso, a Justiça determinou uma nova prisão preventiva de cinco suspeitos investigados pela “Operação Omertà”. Essa decisão foi feita com base no processo que apura crimes contra o Sistema Nacional de Armas e faz referência ao arsenal encontrado com o ex-guarda municipal Marcelo Rios em uma casa no Jardim Monte Líbano, na Capital.

Segundo a juíza, a liberdade desses suspeitos prejudica a colheita de provas e coloca em risco a ordem pública. Ela cita o alto poder econômico da organização que poderia voltar a adquirir novas armas e munições. Também acrescenta o risco de fuga dos investigados. Além de relembrar, no processo, relatos de ameaças a testemunhas, a promotores e a um delegado.

Para juíza, em liberdade, Jamil Name traz risco à sociedade e ao andamento das investigações. Além de Jamil Name, os mandados de prisão também foram expedidos para Jamil Name Filho, o ex-guarda municipal Rafael Antunes Vieira, e os policiais civis Marcio Cavalcanti da Silva e Vladenilson Daniel Olmedo. Todos já se encontram presos e serão intimados nas unidades prisionais.

Operação Omertà

No dia 27 de setembro, foi deflagrada a Operação Omertà pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), com apoio dos Batalhões de Choque e o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, que cumpriram mandados de prisão preventiva, prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Campo Grande e Bonito.

A ação levou a prisão de policiais civis, guardas municipais, policial federal e até militar do Exército, suspeitos de integrarem uma organização criminosa voltada à prática dos crimes de milícia armada, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito, homicídio, corrupção ativa e passiva, entre outros crimes. As investigações do Gaeco tiveram início em abril deste ano, com o objetivo de apoiar as investigações dos homicídios de Ilson Martins Figueiredo, Orlando da Silva Fernandes e Matheus Coutinho Xavier, conduzidas pelo Garras.