Ele revelou como se envolveu no esquema de furtos a bancos, passando de um simples técnico em sistema de segurança para um infiltrado pago para mapear o caminho até os cofres das agências bancárias aos ladrões. Everton Souza confessou, em interrogatório, ter participado ativamente de furto a agência bancária no fim de semana passado.
O criminoso contou aos policiais que trabalha no ramo de segurança há 11 anos e que foi cooptado por Edmilson Custódio, a quem ele chama de “Dimy”, que também trabalha na instalação e manutenção de sistemas. Ele relatou que conheceu o comparsa no emprego anterior e que, há algum tempo, o colega lhe contou que conheceu em São Paulo integrante de quadrilha de ladrões de bancos que pagavam para ter informações sobre agências bancárias.
Everton Souza revelou que topou “prestar o serviço” para os criminosos e admitiu que chegou a entregar aos bandidos a localização dos cofres da agência da Caixa Econômica Federal da Via Parque, em Campo Grande, e de unidades bancárias em Paranaíba e Maracaju, até que foi convidado e resolveu participar do furto à agência da Caixa de Aquidauana, de onde foram levados R$ 700 mil em outubro do ano passado.
O técnico foi o responsável pela manutenção dos alarmes do prédio dias antes e deixou o sistema descalibrado para que o sinal sonoro não disparasse durante a invasão. Ele também confessou que sua função era permanecer do lado de fora da agência, como “olheiro”, e para dirigir o veículo e dar fuga aos comparsas.
Ele revelou que parte do dinheiro que lucrou com a empreitada criminosa deu de entrada em uma casa e depois viajou com a família. Já com a parte do dinheiro que subtraiu do Bradesco no fim de semana, pagou dívidas e guardou o restante – cerca de R$ 50 mil – na despensa de casa.
Sem que ninguém percebesse e com “mapa” mostrando a localização do cofre central, a quadrilha invadiu a agência do Bradesco, localizada na Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, em frente às Lojas Americanas, no fim de semana. Quem percebeu que havia algo errado foi um pintor, contratado para ir ao local no domingo. Ele avisou o gerente que a janela de um dos banheiros da agência, com vista para um estacionamento, estava arrombada.
A quadrilha conta com a ajuda de dois técnicos em sistema de segurança que já trabalharam na unidade. Everton da Silva Souza, de 35 anos, é morador do Bairro Coophavilla 2 e foi preso em Aparecida do Taboado, para onde havia viajado a trabalho, no dia seguinte à invasão. Ele passou por audiência de custódia no fim da manhã desta quarta-feira (6) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
Consta no relatório elaborado pelo Garras que, na tarde de domingo, o bando invadiu o cofre quebrando “cirurgicamente” parede deste banheiro, que dá acesso à parte de trás do cofre, evitando assim que o alarme tocasse. O local também é ponto cego no sistema de videomonitoramento.
Assim que começaram as investigações, policiais foram atrás das imagens das câmeras de outros comércios da região. Descobriram que um grupo, composto por quatro homens, usou um Chevrolet Prisma e um Fiat Pálio na ação. Três deles entraram na agência e um ficou do lado de fora, fazendo o papel de “olheiro”.
A apuração chegou até Everton Souza porque conseguiu a listagem dos funcionários da empresa que tinham trabalhado na manutenção do banco dias antes e ele já era suspeito de ter participado de furto à agência da Caixa de Aquidauana.
Quando a equipe foi até a casa dele, encontrou o Prisma na garagem. Ele continuou sendo monitorado até ser preso em Aparecido do Taboado, para onde havia viajado a trabalho. Na tarde desta quarta-feira (6), policiais do Garras prenderam um segundo suspeito, Edmilson Custódio, escondido em um endereço no Bairro Los Angeles.
Cairo Frazão, advogado que foi acionado pela família de Edmilson Custódio, afirma que o cliente foi apenas “contratado para passar informações privilegiadas” sobre o funcionamento da agência bancária e que foi recrutado para entrar no esquema por Everton Souza, que disse o contrário. O defensor afirma que a participação de Edmilson Custódio é “mínima”, que o cliente se escondeu na casa de conhecidos ao saber da prisão do primeiro, mas que está colaborando com a polícia. Com informações do site Campo Grande News