Conforme as primeiras informações, o rapaz foi detido no Centro de Recuperação da Sitioca Ouro Fino e, assim que os policiais civis chegaram, ele teria começado a chorar. O rapaz seguiu ainda chorando até a delegacia e não falou sobre o crime, nem mesmo confessou. Ele responde pelo latrocínio – roubo seguido de morte – da pecuarista e foi acusado pela cunhada Lucimara Rosa Neves, de 43 anos, espécie de governanta da casa da vítima, que, junto com a filha Jéssica Neves Antunes, de 24 anos, ajudaram no crime.
As duas autoras relataram que viram o acusado colocar um pano na boca da pecuarista e ainda a esganar. Durante as investigações do assassinato pela Derf, foi descoberto que o homem envolvido no crime havia sido procurado um dia antes pela cunhada e o encontro ocorreu por volta das 19 horas, na casa dele. A conversa entre ambos teria durado cerca de 30 minutos, no portão da residência. Logo após, o acusado, ao entrar em casa, teria relatado à esposa que iria fazer uma ‘fita’. Ela ainda teria falado, “amanhã vou arrumar bastante dinheiro”.
A irmã da acusada presa contou que tentou desencorajar o companheiro de fazer o roubo, mas ele não recuou. Ela ainda afirmou aos policiais que a acusada pelo assassinato ainda teria falado que daria ao cunhado R$ 10 mil e que era para ela ficar com a metade. Nesse momento a mulher disse que não participaria de nada. No dia do crime, o homem saiu por volta das 9 horas dizendo, “vou ir lá”. Depois de 3 horas, por volta do meio-dia, a mulher recebeu um telefonema do companheiro dizendo que, “a casa caiu. Eu acho que a Andreia morreu”.
O homem chegou até a casa da companheira carregando uma mala, que ela disse não saber o que havia dentro. Em seguida, o acusado no crime falou que formataria o celular e compraria outro chip. Já por volta das 15 horas do mesmo dia, a mulher recebeu mensagens do envolvido no crime dizendo que estava com medo. A mensagem enviada teria vindo de um celular com DDD de Mato Grosso.
Lucimara Rosa Neves é apontada como amante da pecuarista e chegou a dizer que recebia muita ajuda financeira da vítima para sanar as dívidas que tinha. Ela chegou a trabalhar por 7 anos com a família de Andreia Flores. A participação da irmã da vítima no assassinato teria acontecido após ela pedir ajuda para a funcionária para que documentos de quitação de uma dívida fossem assinados. A dívida seria da venda de 400 cabeças de gado, em valor aproximado de R$ 8 milhões.
Conforme relatado pelas autoras do crime, a intenção da irmã de Andreia Flores era de ‘dar um susto’ na vítima, mas não a matar. A irmã ainda teria dito para a funcionária que a pecuarista tinha problemas com bebidas e que ela deveria se aproveitar de um momento de vulnerabilidade para fazer com que a pecuarista assinasse os documentos. Para isso, ela receberia R$ 50 mil.
Com a proposta, Lucimara Rosa Neves teria dias antes conseguido fazer com que Andreia Flores assinasse os papéis. No entanto, a pecuarista acabou rasgando os documentos depois. A vítima e a irmã eram investigadas pela Polícia Federal por contrabando de joias do exterior, além de tráfico de drogas. A família, envolvendo também a mãe das irmãs, tinha brigas judiciais por questões de herança, compra e venda de gado em valores que chegavam aos R$ 8 milhões.
As irmãs eram apontadas pela Polícia Federal como distribuidoras de drogas em um outro condomínio de luxo em Campo Grande. O cunhado de Andreia Flores também era investigado. Há ainda a informação de que a família teria tentado assassinar um traficante para roubar R$ 600 mil.
Junto com a filha e o cunhado, Lucimara Rosa Neves teria arquitetado o plano do falso roubo, chamando o cunhado para executar o plano. O trio teria se encontrado em uma pastelaria, no Tiradentes, para acertar detalhes do plano, três dias antes. Mãe e filha ainda teriam ido até uma loja para comprar um simulacro de arma de fogo e um boné.
No dia do crime, as duas funcionárias foram até ao supermercado deixando o carro sem travar, para que o cunhado entrasse e fosse com elas até o condomínio. Ainda no mercado, o cartão delas não teria passado pela compra de R$ 700 e Andreia, então, teria feito um PIX no valor de R$ 1 mil.
Quando chegaram ao condomínio, o homem desceu do carro com a sobrinha, enquanto a funcionária permaneceu no veículo, para ‘dar fuga’. Ela chegou a dizer em depoimento que pensou em desistir do crime, mas que o cunhado insistia. Ele ainda teria dito que, ao invés de exigir R$ 50 mil de Andreia, pediria R$ 80 mil, para que, caso fossem pegos, ‘o crime valesse a pena’.
Andreia Flores estava na sala quando os autores entraram. O homem a agrediu, tampou a boca da vítima com um pano e a esganava. Ela acabou desfalecendo e, após perceber a demora, a funcionária entrou na casa, encontrando Andreia já desacordada. Os suspeitos então levaram a vítima para o andar de cima. A pecuarista foi colocada em um quarto, na cama, e a funcionária chegou a jogar água para ver se ela acordava. Os suspeitos fugiram e mãe e filha ainda mentiram sobre o sequestro.