A brasileira Mirelly Soares Bandeira, única sobrevivente do ataque de pistoleiros em Assunção, no Paraguai, que matou a sua irmã, Millena Soares Bandeira, e o namorado dela, Paulo Jacques Silveira, homem de confiança do narcotraficante Jarvis Chimenes Pavão, disse ao juiz Hugo Sosa Pasmor que os atiradores pediram, em português, para ela “calar a boca” durante a execução, o que confirma a nacionalidade dos matadores.
As informações são da promotora de Justiça Mercedes Caniza, que foi quem solicitou ao juiz Hugo Sosa Pasmor para que tomasse o depoimento da brasileira Mirelly Bandeira sobre o duplo assassinato ocorrido na segunda-feira (02/01), no Bairro Republicano, em Assunção, capital do Paraguai.
A testemunha estava no banco de trás da caminhonete Toyota Hilux guiada por Paulo Jacques Silveira, que recebeu 30 tiros, enquanto a namorada dele e irmã dela, Millena Bandeira, estava no banco de passageiro ao lado dele e também morreu na hora com um tiro na cabeça. Mirelly Bandeira confirmou perante o juiz que os assassinos exigiram em português que ela ficasse de boca fechada.
Após a audiência no Tribunal, a promotora de Justiça Mercedes Caniza disse que a sobrevivente, ao escutar os tiros, primeiro teria se abaixado e depois trocou palavras em português com os pistoleiros. “Por isso, podemos afirmar que os homens armados eram de nacionalidade brasileira”, declarou.
No entanto, a promotora de Justiça reconheceu que a testemunha apresentou algumas discordâncias quanto à sua primeira declaração ao Ministério Público, mas acrescentou que isso pode ser devido ao choque que ela estava após o ataque. “Não foi possível dar as características dos atiradores, pois ela disse tudo durou menos de cinco minutos”, disse.
Depois da audição perante ao juiz, a sobrevivente foi levada para um local seguro como forma de proteção, enquanto as investigações continuam.
O ataque
O duplo assassinato aconteceu na hora do almoço da segunda-feira passada, no Bairro Republicano, em Assunção. Os pistoleiros estavam em duas caminhonetes quando cercaram a caminhonete conduzida por Paulo Jacques Silveira e abriram fogo contra o veículo, matando o brasileiro e sua namorada, Millena Soares Bandeira, enquanto a irmã dela, Mirelly Soares Bandeira, que estava no banco de trás, escapou ilesa da ação dos bandidos.
Paulo Jacques levou pelo menos 30 tiros, acordo com o relatório preliminar da autópsia realizado pelo legista do Ministério Público, Gustavo Zaracho. A segunda vítima, Millena Bandeira, levou somente um tiro na cabeça, o que a matou instantaneamente.
Ainda de acordo com os dados da Polícia, o ataque ocorreu após uma visita de Paulo Jacques ao narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, que está preso no Grupamento Especializado da Polícia Nacional do Paraguai. Paulo Jacques, aparentemente, era o nexo do narcotraficante brasileiro com o foragido Elton Rumich Leonel da Silva, o “Galã”, acusado de ser o possível responsável pela execução do também narcotraficante e contrabandista de armas e munições Jorge Rafaat Toumani, no dia 15 de junho do ano passado em Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil.