A Polícia Federal criou uma comissão integrada com as forças de segurança da Bolívia para aumentar o monitoramento na fronteira de Mato Grosso do Sul com o país vizinho e, dessa forma, impedir a fuga de criminosos brasileiros ligados a facções criminosas.
Conforme o Correio do Estado, o crime transfronteiriço e as conexões que as organizações criminosas têm consolidado dentro e fora do Brasil, em um modelo de relação comercial para garantir altos lucros, estão exigindo que as forças de segurança tenham que atuar além das estruturas corporativas.
Para garantir a integração real de forças de segurança do Brasil e da Bolívia, no mês passado, houve o intercâmbio de policiais do país vizinho em Campo Grande (MS). Essa operação, conduzida após autorização burocrática do primeiro escalão dos governos brasileiro e boliviano, envolveu compartilhamento de banco de dados de criminosos que têm atuação forte no furto e roubo de veículos que atravessam a fronteira.
Uma outra etapa já definida para acontecer, que acaba sendo catalisada para mirar resultados o quanto antes após a megaoperação contra a organização criminosa Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro, envolve ter a presença contínua de policiais bolivianos instalados de forma definitiva em território brasileiro.
A definição dessa estratégia no setor de inteligência foi acertada para acontecer em Corumbá (MS). Esses policiais do país vizinho serão mantidos no Brasil a partir de recursos da própria PF para garantir que as investigações bipartite tenham maior potencial de resultado para identificar criminosos ligados a quadrilhas, tanto que atuam de forma regional, como nacional.
O superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta Dangelo, reconheceu que o combate mais efetivo ao crime organizado só poderá obter melhores resultados se houver ações conjuntas.
“Os criminosos não respeitam limites de município, de estado e de países. O único caminho, e que prega o Ministério da Justiça, é integração. Em setembro houve uma operação conjunta com a vinda de policiais bolivianos para compartilhamento de banco de dados. Está sendo ampliada essa diretriz e policiais bolivianos vão ser trazidos para Corumbá, com custeio da PF, para haver troca de dados de inteligência”, afirmou.
A rota de fuga de criminosos brasileiros para os países vizinhos é um tema central que está sendo tratado entre as forças de segurança das três nações de forma a tentar mitigar os acessos facilitados.
“Nós temos plena consciência da complexidade da situação. Aqui em Mato Grosso do Sul, temos a fronteira com o Paraguai e a Bolívia. São países irmãos, mas que trazem uma série de problemas “, pontuou o superintendente da PF.
“A Bolívia é o terceiro maior produtor de cocaína do mundo, já o Paraguai é o maior produtor de maconha do mundo. Ainda temos a questão do tráfico de armas e o contrabando também”, completou.
Atualmente, a PF já conta com investigação contínua na Bolívia. Há atuação direta em La Paz e também em Santa Cruz de la Sierra, tanto para apurações contra criminosos, como atuação burocrática para aproximar autoridades de ambos os países.
Mesmo com a troca de governo boliviano, que passou por eleições nacionais em outubro, já existe um trabalho para continuidade das ações com a equipe do novo presidente Rodrigo Paz Pereira.

