Parceira da Suzano em Ribas do Rio Pardo dá calote milionário no comércio do município

A empresa VBX Transportes, parceira da Suzano na construção da maior fábrica de celulose do mundo em Ribas do Rio Pardo (MS), está sendo acusada por empresários do município de promover um calote em massa.

 

Somente os calotes já ajuizados somam R$ 752 mil, que foram aplicados contra três empresas de locação de máquinas, mas os não ajuizados ainda vão fazer esse valor até triplicar.

 

Segundo matéria publicada pelo Correio do Estado, o prejuízo está distribuído não apenas a fornecedores da VBX Transportes, mas também a comerciantes da cidade de Ribas do Rio Pardo, como supermercadistas, restaurantes, donos de postos de combustíveis e serviços de hotelaria em geral.

 

A empresa vinha quitando suas obrigações até o fim do ano passado, mas os calotes teriam começado depois que a Suzano encerrou um contrato de parceria com a empresa de engenharia e transportes.

 

Na comarca de Ribas do Rio Pardo já são pelo menos três ações judiciais ajuizadas contra a VBX, e em uma delas, a Suzano S.A. figura como parte demandada.

 

O empresário paulista Sérgio Claudemir Papa acionou a VBX Transportes e a Suzano por não ter recebido pelos serviços prestados às empresas. Ele cobra das duas R$ 452,4 mil pelo aluguel, não pago, de uma pá-carregadeira.

 

O calote aplicado pela VBX, segundo o empresário proprietário da máquina utilizada na obra da Suzano, refere-se aos meses de outubro a dezembro de 2023, e de janeiro e fevereiro de 2024.

 

Quem também processa a VBX Transportes é a LOB Terraplanagem e Locações. A empresa cobra R$ 120,1 mil referente ao calote aplicado pela empresa parceira da Suzano no Projeto Cerrado, e ainda outros R$ 20 mil de danos morais.

 

A LOB cobra da VBX o aluguel de nove caminhões que ficaram à disposição da VBX em Ribas do Rio Pardo. Também em Ribas, a Locatruck Locações e Transportes Ltda. foi vítima de um calote aplicado pela VBX.

 

Ela alugou dois caminhões-pipa e um caminhão basculante para a parceira da Suzano. A dívida cobrada na Justiça é de R$ 132,2 mil. A reportagem telefonou para os números da VBX que aparecem nos processos judiciais e também são listados na internet, mas ninguém atendeu às chamadas.

 

A Suzano S.A. enviou a seguinte nota dizendo que “o caso da VBX Transportes é uma situação isolada, haja vista as centenas de fornecedores da empresa que realizam negócios no município”. “Tal empresa prestava serviços na área de manutenção de estradas e, durante os últimos meses de contrato, a Suzano constatou que, mesmo com o pagamento em dia do contrato desse fornecedor, a VBX não estava honrando com suas obrigações trabalhistas e outras obrigações de mercado, sendo que esse último fato tomamos ciência via o telefone da ouvidoria da empresa”, informou.

 

Ainda conforme a nota da Suzano, “mesmo após inúmeras notificações para que a VBX honrasse com seus compromissos, o que não veio a ocorrer, o contrato foi rescindido pela Suzano, que então honrou com os pagamentos trabalhistas dos colaboradores da referida empresa, por ser a tomadora do serviço e com responsabilidades previstas em lei”.

 

“Importante esclarecer que, ao contrário do controle do pagamento dos colaboradores de nossos fornecedores, nos outros casos, a Suzano não possui obrigação legal e nem tem como controlar, acompanhar as negociações comerciais ou concessão de créditos para tais empresas prestadoras de serviço, bem como fiscalizar, participar de negociações comerciais ou se responsabilizar por pagamentos”.

 

Além disso, de acordo com a nota, a Suzano realizou treinamentos com comerciantes locais, preparou e distribuiu cartilhas e divulgou via alguns veículos de imprensa da cidade orientações sobre o tema, visando conscientizar empresários e comerciantes da cidade sobre os cuidados ao realizarem negócios com empresas que utilizam do nome da companhia para obterem crédito, o que só reforça a preocupação e boa-fé da companhia.

 

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