Conforme as informações do relatório do Gaeco, ao menos 15 advogados são suspeitos de integrarem a facção criminosa, repassando recados entre os membros que estão presos. Entre eles, um advogado seria do estado de São Paulo e atua na defesa de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como liderança da facção.
Entre os investigados também estão dois servidores da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, um deles preso na operação, além de dois policiais penais, um também preso. Já entre os integrantes da facção que estão presos, foram apontados 5 como lideranças do PCC, que mantinham contato direto com os advogados investigados.
Os de “recados” foram alvos da investigação e não só por terem a função de fazer fluir a troca de informações entre presos e levar as ordens das lideranças ao universo “extramuros”, mas também por viabilizarem o cometimento de crimes. “Os gravatas”, como os membros do PCC chamam advogados, são responsáveis pela disseminação dos “salves” – mensagens coletivas enviadas pela facção criminosa – e também administram contas bancárias ligadas à facção.
Conforme narrado pelo Gaeco no pedido judicial para efetuar prisões e vasculhar dezenas de endereços, tudo começou quando estranhamente, dados sobre autoridade policial do Estado foram consultadas no Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional) logo após o depoimento dele em ação penal. Apurações preliminares levaram a polícia até Rodrigo Pereira da Silva Correa, o então chefe de cartório da 1ª Vara de Execuções Penais de Campo Grande, e ao advogado Bruno Ghizzi.
O operador do Direito revelou à Polícia que tinha tido contato com Marco Antonio Arantes de Paiva, advogado de Marco Willians Herbas Camacho, mais conhecido como “Marcola”, um dos principais líderes do PCC e responsável por comandar o “braço jurídico” da facção criminosa. O narcotraficante, condenado a centenas de anos de prisão, supostamente estava intrigado com as transferências de presos da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, a “Supermáxima” da Capital, para outras unidades penais, com regras “mais brandas”, e queria detalhes.
O advogado Bruno Ghizzi revelou à polícia nomes de colegas que fariam parte da “Sintonia dos Gravatas” em Mato Grosso do Sul, mas rapidamente, passou de delator a investigado. Dentre os planos do PCC que vieram à tona ao longo das investigações, estão, por exemplo, as ordens para o cometimento de atentados contra promotores de Justiça de Goiás e Mato Grosso do Sul. Isso, supostamente, por causa da insatisfação de “Marcola” com transferências de membros da organização a presídios federais.
Em diálogos trocados entre Rodrigo Corrêa e Bruno Ghizzi também foram encontradas ordens do PCC para o assassinato de promotores e juízes de Minas Gerais. A análise das mensagens interceptadas e conversas por telefone grampeadas é extensa e revela ainda rede de pagamento de propinas para, no fim, beneficiar integrantes do PCC. Os valores variam muito, sendo que há citações de depósitos de R$ 2 mil, R$ 10 mil, R$ 40 mil, pagamentos em serviços, viagens e até “em droga”, além da menção a honorários “específicos” cobrados pelos “gravatas” nas atuações “extras”.
Na sexta-feira passada, Gaeco e Garras, além de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário), foram às ruas da Capital, Dourados, Jardim e Jaraguari para cumprir um total de 38 mandados judiciais.
Além de prender 4 advogados – além de Bruno Ghizzi, Inaiza Herradon Ferreira, Paula Tatiane Monezzi, Thais de Oliveira Caciano -, a operação também levou para a prisão, o agente penitenciário Jonathas Wilson Moraes Cândido, Rodrigo Pereira da Silva e Kamila Mendes de Souza. Há ainda servidores da Defensoria Pública suspeitos de envolvimento no esquema. Os alvos são investigados por integrarem organização criminosa, violação do sigilo profissional, corrupção passiva e ativa. Com informações do site Campo Grande News