ONG de MS recebeu R$ 200 milhões em 4 anos para manter profissionais de saúde nas aldeias

A ONG (Organização Não Governamental) Missão Evangélica Caiuá, de Dourados (MS), recebeu R$ 50 milhões por ano em convênio do Governo Federal para atuação na saúde indígena de aldeias de Mato Grosso do Sul. A informação foi revelada pela própria ONG, que ganhou repercussão nesta semana após reportagens nacionais que destacaram os R$ 872 milhões repassados pelo governo Bolsonaro (PL) para a instituição no período de 4 anos.

Segundo o site Midiamax, o grupo atua diretamente na assistência de saúde de povos indígenas, intermediando contratações de médicos e outros profissionais de saúde. O assunto veio à tona essa semana, dias após a crise humanitária dos indígenas Yanomami, em Roraima, ganhar as páginas de jornais mundo afora.

Reportagem publicada pelo Jornal O Globo mostra que nos quatro anos de governo de Bolsonaro, o Programa de Proteção e Recuperação da Saúde Indígena teve orçamento de R$ 6,1 bilhões e mais de R$ 5,4 bilhões gastos. Ou seja, 88% do fundo foi utilizado, de fato.

Os números elevados do que seriam os fundos destinados à saúde indígena chamaram atenção diante da tragédia humanitária vivida pelo povo Yanomami, que, segundo o MPF (Ministério Público Federal), é fruto da omissão do Estado em assegurar a proteção dos indígenas.

Conforme disse o advogado da ONG, Cleverson Daniel Dutra, o valor de R$ 872 milhões é relativo à soma de todos os nove convênios que a entidade mantém com o Governo Federal desde 2019, portanto, não são valores específicos para os Yanomamis. Montante também seria destinado aos quatro Estados onde a instituição atua: Mato Grosso do Sul, Acre, Amazonas e Roraima.

Ainda conforme a instituição, o Governo Federal enviou uma média de R$ 50 milhões por ano entre 2019 e 2022 a Mato Grosso do Sul, totalizando R$ 200 milhões neste período. Isso significa que a instituição contava com uma média de R$ 4,16 milhões de recursos mensais para a realização de trabalhos de apoio a indígenas no Estado.

Conforme os dados passados pela instituição à equipe de reportagem, cerca de 800 profissionais de saúde atuam em todo o território sul-mato-grossense, sendo 500 apenas agentes de saúde que acompanham a situação de dentro das comunidades. Enquanto isso, demais especialistas, como médicos e enfermeiros, ficam lotados nas Equipes Multidisciplinares em Saúde Indígena (EMSI) que ficam à disposição de cada Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena).

Atualmente, a entidade tem aproximadamente 4.800 profissionais contratados para atuar em todos os convênios. Diante da repercussão dos dados, a ONG ainda explica que os profissionais de saúde fazem trabalhos diários dentro das áreas indígenas. Na região amazônica, por exemplo, o transporte é feito por barcos e aeronaves.