Omertà 3 amplia “tentáculos” e chega a autoridades e padrinho dos Names na fronteira. Vai vendo!

Após prender na manhã desta quinta-feira (18), em Campo Grande (MS) e Ponta Porã (MS), sete pessoas – Cinthya Name Belli (sobrinha de Jamil Name); Lucimar Calixto e Benevides Candido Pereira (funcionários da Pantanal Cap, empresa da família Name), um investigador da Polícia Civil, um policial militar que trabalhava como motorista do deputado estadual Jamilson Name, o delegado Márcio Shiro Obara e um dos filhos de Fahd Jamil Georges -, a terceira fase da “Operação Omertà” ampliou os “tentáculos” e está à “caça” do próprio empresário fronteiriço Fahd Jamil Georges. Já o conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Jerson Domingos, que é cunhado de Jamil Name, preso desde o dia 27 de setembro de 2019, foi preso numa fazenda em Rio Negro.

O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos, 70 anos, atualmente conselheiro do TCE-MS, teve prisão preventiva decretada e dois policiais do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) fizeram buscas no condomínio onde ele vive, mas não o encontraram. Os policiais chegaram por volta das 6h ao Edifício Renoir, no Bairro Royal Park, na região do Shopping Campo Grande, e saíram 30 minutos depois. Eles foram recebidos pela esposa do conselheiro e a informação é de que ele está na fazenda.

Jerson Domingos foi alvo de busca e apreensão na segunda fase da “Operação Omertà”, desencadeada no dia 17 de março, e chegou a ser levado para a Delegacia de Polícia Civil, depois de encontradas duas armas irregulares na casa dele. O conselheiro prestou depoimento, no qual atribuiu as armas sem registro a presente de um tio e foi liberado sem pagamento de fiança.

Já no caso do empresário fronteiriço Fahd Jamil Georges a Polícia prendeu um dos seus filhos, mas o alvo principal ainda é o pai. Os alvos são suspeitos de ligação com o grupo de extermínio chefiado pelo empresário campo-grandense Jamil Name, preso desde o ano passado. O herdeiro de Fahd Jamil teria sido preso em Ponta Porã, onde mandados foram cumpridos na fazenda e na mansão do pai dele, na Avenida Baltazar Saldanha, em frente ao estádio Aral Moreira. Viaturas da Garras e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) cercaram a casa, réplica da mansão do cantor de rock Elvis Presley, a “Graceland”, construída em Memphis, no Tennessee (Estados Unidos).

Há informações não confirmadas de que Fahd Jamil, atualmente com quase 79 anos de idade, também seria um dos alvos dos mandados de prisão, mas não teria sido localizado. Pelo menos outras duas pessoas foram presas em Ponta Porã. Um seria conhecido como fazendeiro e o outro dono de rede de postos de combustíveis no Paraguai. Todos foram transferidos para Campo Grande, sob forte esquema de segurança.

Delegado

Documento da “Operação Omertà” cita propina de R$ 100 mil paga a delegado de Campo Grande, além de envolvimento do mesmo policial com empresário fronteiriço Fahd Jamil Georges. O texto não cita o nome do delegado, no entanto, hoje foi preso Márcio Shiro Obara, ex-titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), e a mansão do empresário foi alvo da operação em Ponta Porã.

A prisão de Obara é preventiva, por tempo indeterminado, condição normalmente deferida pela Justiça quando há provas contundentes contra o suspeito. Em depoimento, a esposa do então guarda municipal Marcelo Rios, que se tornou o estopim da operação após ser preso em maio de 2019 com um arsenal, relatou que o assassinato do policial militar reformado Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em junho de 2018, abriu uma sequência de execuções em Campo Grande. O crime foi investigado por Obara na época.

Eliane Benitez Batalha dos Santos disse que ouviu Marcelo falando ao telefone que “depois de uns dias, ele tinha chegado em casa, ele precisou sair, ligaram para ele, ele precisou sair ele foi e pegou R$ 100 mil (…) Eu escutei ele falando que iria em uma delegacia entregar para um delegado em mãos”. Ela ainda disse que o motivo do assassinato seria pelo “filho do Fuad”, forma como se pronuncia Fahd.

Alvo de ação de fuzilamento em plena manhã de uma segunda-feira Avenida Guaicurus, Ilson foi apontado como envolvidos no “sumiço” de Daniel Alvarez Georges, filho do de Fahd Jamil. Ele desapareceu em 3 de maio de 2010, após ter ido a um shopping, em Campo Grande. Trecho de depoimento da operação Omertá, que investiga milícia armada e grupo de extermínio. Desde maio do ano passado, Eliane tem dado versões diferentes. Já falou sofrer ameaça por parte da milícia armada, alvo da operação, mas depois negou qualquer investida do grupo contra ela ou o marido.

A primeira fase da “Operação Omertà”, liderada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), foi em setembro do ano passado. Uma nova fase foi realizada em março deste ano. Neste período, o delegado Obara, alvo de prisão preventiva, foi mudando de delegacias por determinação da Polícia Civil. No mês de outubro, foi designado para prestar auxílio à Delegacia Regional de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. Em novembro, Obara foi remanejado de forma definitiva para a 2ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, no Bairro Monte Castelo.