Não foi dessa vez! O ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Antunes Olarte, conseguiu mais uma vez escapar da prisão, pois solicitou, durante a sessão desta quarta-feira (01) do Órgão Especial do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), o adiamento do julgamento do mandado de segurança que pode confirmar ou anular a condenação de oito anos e quatro meses de prisão em regime fechado.
O pedido de Gilmar Olarte foi deferido pelo relator do mandado de segurança, que é o desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte. Hoje seria o Dia D para o ex-prefeito, que esperava uma reviravolta para se livrar da cadeia, apesar de a sentença já ter recebido o aval do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e até do STF (Supremo Tribunal Federal), porém, sentiu que o clima não era favorável e pediu o adiamento do julgamento.
Apesar de ter sido condenado em 2ª instância por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, o ex-prefeito segue em liberdade e apelando a todos os recursos possíveis. A polêmica surgiu a partir de uma estratégia da defesa de Olarte: ele renunciou ao mandato de prefeito para ser julgado na primeira instância. No entanto, o desembargador Luiz Cláudio Bonassini, relator do caso, negou o pedido e manteve o julgamento na Seção Criminal Especial, mesmo ele abrindo mão do foro especial.
O Tribunal de Justiça recebeu a denúncia e realizou o julgamento de Olarte, condenando-o a oito anos e quatro meses de reclusão. O caso teve repercussão nacional ao ser tema de reportagem do Fantástico, da TV Globo, que exibiu depoimentos de fiéis da igreja fundada por Gilmar Olarte. Ele pegou cheques em branco em troca de vantagens quando assumisse a Prefeitura.
Olarte recorreu contra a condenação ao Superior Tribunal de Justiça, mas o recurso não foi reconhecido porque houve confusão nas datas e os advogados perderam o prazo. No dia 26 de junho deste ano, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, também negou pedido do ex-prefeito e manteve a condenação.
A nova chance de absolvição surge, novamente, no Tribunal de Justiça. O relator do mandado de segurança é o desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte. Os desembargadores podem acatar os argumentos da defesa e anular a sentença, porque o ex-prefeito deveria ser julgado em primeira instância e não no Tribunal de Justiça, já que tinha renunciado ao mandato de prefeito.
Entre os integrantes do Órgão Especial estão amigos do ex-prefeito. O desembargador Sideni Soncini Pimentel é pai do advogado Rodrigo Pimentel, que foi secretário municipal de Governo na gestão de Olarte. O desembargador Paschoal Carmello Leandro é pai do advogado Fábio Leandro, que foi procurador geral do município.
Como a sentença já transitou em julgado no Tribunal de Justiça, os desembargadores podem declarar que houve perda do objeto. O ex-prefeito e a esposa, Andréia Olarte (MDB), são réus por ocultação de bens e lavagem de dinheiro e a sentença pode ser publicada no mês de agosto.