Óbvio e fácil: Presos por formação de milícias colocam “culpa” por arsenal em foragido

A culpa é sempre de quem não está presente. Essa velha máxima foi utilizada pelo ex-guarda municipal Marcelo Rios, acusado de integrar a milícia que seria chefiada pelos empresários Jamil Name, 83 anos, e Jamil Name Filho, 42 anos, em seu depoimento à Justiça.

Ele isentou os empresários, que, assim como o ex-guarda municipal, também estão presos, de qualquer relação com o arsenal apreendido há mais de um ano em uma casa no Bairro Monte Líbano, em Campo Grande (MS), e apontou o motorista Juanil Miranda Lima, que está foragido desde a deflagração da “Operação Omertà”, como o único responsável.

Ao prestar depoimento, por meio de videoconferência que teve as participações de Jamil Name e Jamilzinho, Marcelo Rios, como já era esperado, negou todas as acusações. Ele foi preso no ano passado de posse de milhares de munições e dezenas de fuzis 7.62 e AK-47 e essa prisão acabou por motivar a realização da “Operação Omertà”, que colocou fim à milícia apontada como responsável por várias execuções na Capital.

O ex-guarda municipal garantiu que as armas e as munições foram plantadas na casa e no seu automóvel pelo motorista foragido Juanil Miranda, que seria o único dono do arsenal. Ele ainda afirmou que o foragido era traficante de armas e lhe pagava uma comissão por cada fuzil comercializado.

A respeito da casa localizada no Monte Líbano, um bairro nobre de Campo Grande, onde acabou preso no ano passado, Marcelo Rios contou uma versão ainda mais impressionante. De acordo com ele, Jamilzinho, para quem prestava serviços quando estava de folga na Guarda Municipal, teria esquecido a chave do imóvel com ele.

Em seu depoimento, também por videoconferência, Jamil Name disse que a única arma que tinha era uma pistola 380 e uma espingarda calibre 12, ambas com registro na Polícia Federal. Ele disse ainda que uma discussão entre Jamilzinho e o irmão do delegado de Polícia Civil Fábio Peró teria motivado a perseguição do agente da lei à sua família.

Ainda durante o depoimento, Jamil Name classificou o delegado Fábio Peró, que comanda o Garras, como um “satanás”. Durante a investigação, a equipe do Gaeco, em parceria com o Garras, identificou um plano elaborado pela milícia supostamente comandada pela família Name para executar Fábio Peró.

Ele ainda falou desconhecer o envolvimento de Jamilzinho com o arsenal apreendido no imóvel em nome do filho e garantiu que sabe muito pouco da vida dele. Já em seu depoimento Jamilzinho também negou qualquer envolvimento com o arsenal apreendido em uma casa em seu nome e no veículo de Marcelo Rios e ficou furioso ao ouvir o nome do delegado Fábio Peró, questionando se aquilo era uma inquisição, pois o pai foi mandado para um presídio federal mesmo sendo réu primário.