O massacre continua… mais um homem é executado na fronteira, que registra uma morte a cada 3 dias

A guerra entre as facções criminosas brasileiras PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) pelo controle do tráfico de drogas e armas na fronteira entre o Paraguai e Mato Grosso do Sul fez mais uma vítima ontem (20) e manteve a média de uma morte a cada três dias na região, que, de 1º de janeiro até agora, já registrou 19 mortes. Apenas em janeiro foram 11 execuções, enquanto nos 20 primeiros dias de fevereiro foram outros oito assassinatos nas cidades fronteiriças paraguaias e brasileiras.

A última vítima é Adriano Fernandes Mendes, 57 anos, que se encontrava em liberdade condicional. Ele foi executado por pistoleiros na tarde de ontem (20) no centro de Ponta Porã (MS) quando estava em frente da residência do sogro, situada na Rua Dom Pedro II. Os assassinos chegaram a bordo de uma motocicleta e sem falar nada fizeram vários disparos de pistola calibre 9 mm.

Os pistoleiros teriam, ainda, entrado em luta com um familiar da vítima, momento em que teria caído o carregador da arma e eles decidiram fugir. Adriano Mendes foi socorrido até o Hospital Regional, mas resistiu aos ferimentos e faleceu.

Os investigadores do SIG (Setor de Investigações Gerais) e agentes da Polícia Técnica se deslocaram até o lugar do ataque onde recolheram evidências e munições de calibre 9 mm que estava no solo, bem como o carregador para 30 munições.

Outras mortes

No domingo (17), pistoleiros mataram um e feriram outros dois com tiros de pistolas calibre 9 mm e fuzil 5.56 mm após ataque a uma residência em Coronel Sapucaia (MS), sendo que a perseguição começou na cidade paraguaia de Capitán Bado. O fato foi registrado por volta das 17 horas, quando os criminosos executaram Denilson Armoa.

Posteriormente, os homens armados chegaram até a Avenida Internacional, em Capitán Bado, onde se encontrava estacionada a caminhonete da marca Renault Duster, placa HCC-068, do Paraguay. Os ocupantes, ao verem os pistoleiros, iniciaram uma fuga, cruzando a fronteira em direção à cidade de Coronel Sapucaia, onde houve uma intensa troca de tiros entre os ocupantes dos veículos, mas o condutor conseguiu fugir, segundo testemunhas, com o apoio de um indivíduo a bordo de uma motocicleta, informações indicam que o condutor do veículo estaria ferido.

Várias capsulas de munição disparados entre os integrantes de facções criminosas que atuam nessa parte do país na fronteira ficaram espalhadas pelo chão nas proximidades do ataque ao veículo Renault e em frente à residência da vítima que morreu, cujo corpo foi encaminhado ao IML de Coronel Sapucaia para posterior entrega aos familiares.

Policiais Militares e da Polícia Nacional do Paraguai imediatamente isolaram a área até a chegada dos investigadores da Divisão de Homicídios e da Polícia Técnica que após realizar os trabalhos de praxe e recolheram as evidências, encaminharam os corpos ao IML da cidade de Coronel Sapucaia para posterior entrega aos familiares.

Já sobre os dois feridos um foi identificado como Diego Alex Espinosa, 19 anos, que, segundo informações, chegou até ao hospital de Coronel Sapucaia auxiliado por populares, onde após receber atendimento médico foi encaminhado de ambulância a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, a polícia desconhece o paradeiro do segundo ferido pela que investigadores realizam buscas pelo mesmo na região de fronteira.

A Polícia acredita que a ação ocorrida na tarde de domingo seria uma vingança pela morte do jovem identificado como Carlos David Casco, 24 anos, executado a tiros em uma residência situado no Bairro São Roque, em Capitán Bado, na madrugada de domingo (10), quando pistoleiros a bordo de uma motocicleta chegaram onde se encontrava a vítima e sem mediar palavras realizaram 15 disparos de pistola 9 mm contra o mesmo, que tentou fugir mas acabou perseguido e morto antes mesmo de receber atendimento médico.

Mais uma morte

No sábado (16), o proprietário de um bar foi executado a tiros por pistoleiros quando transitava a bordo de moto de carga no Bairro Panambi, em Ponta Porã (MS), que faz fronteira com a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Ele foi identificado como Julio César Ramos Martins, 38 anos, e foi morto no início da tarde de sábado (16) por volta das 12 horas transitava pela Rua Corinto.

Ele foi alcançado pelo pistoleiro que transitava a bordo de uma moto estrangeira que sem mediar palavras realizou dez disparos de pistola calibre 9 mm contra a vítima que faleceu no local. Investigadores do SIG (Setor de Investigações Gerais) e agentes da Polícia Técnica apoiados pelo delegado Caio Macedo realizaram os procedimentos de rigor e recolheram evidências que possa identificar o autor do homicídio que poderia ter relação a algumas brigas ocorridas no bar da vítima, mas os investigadores do SIG não descartam nenhuma hipótese, que investigarão as possíveis motivações para o crime.

 Além disso, no dia 9 de fevereiro, dois soldados brasileiros e um paraguaio ligados ao clã do narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão na fronteira do Paraguai com o Brasil foram executados a tiros de fuzil na cidade paraguaia de Zanja Pytã, a mando da facção criminosa brasileira PCC. Os mortos foram identificados como o paraguaio César Ortiz Zorrilla, 38 anos, mais conhecido como “Júlio”, enquanto os brasileiros são Alessandro Nunez de Moura e Gabriel Zaracho Moura, que residiam em Sanga Puitã (MS).

A execução ocorreu por volta das 21 horas, no meio da linha internacional que separa a cidade paraguaia de Zanja Pytã da cidade sul-mato-grossense de Sanga Puitã. Quando César Ortiz, Alessandro Nunez e Gabriel Zaracho estavam dentro de um carro bebendo, vários homens saíram de uma caminhonete e começaram a atirar à queima-roupa contra eles. Os assassinos estavam viajando em uma caminhonete Ford Ranger de cor branca, enquanto as vítimas estavam a bordo de um Golf com placa brasileira.

Testemunhas indicaram que César Ortiz puxou uma arma e ainda conseguiu fazer alguns tiros, mas os homens armados, em um instante, tiraram a vida dele e dos outros dois homens, fugindo rapidamente para o território brasileiro. César Ortiz Zorrilla foi um homem de sucesso a serviço de Jarvis Chimenes Pavão. Além disso, ele é acusado de assassinar várias pessoas na guerra entre grupos rivais na fronteira entre o Paraguai e o Brasil. Ortiz Zorrilla era inimigo de Marcio Ariel Sanchez, mais conhecido como “Aguacate”, que há dez dias foi atacado na cidade paraguaia de Capitán Bado.

Com o assassinato de César Ortiz, continua declarada a guerra entre o grupo liderado por Sergio de Arruda Neto Quintiliano, o “Minotauro”, e os restantes do clã Pavão. Há relatos de que os líderes do PCC já enviaram um representante com o fim de aniquilar aqueles que impedem a organização criminosa de assumir o controle do tráfico de drogas na fronteira.