Na gestão do “Vale Tudo”! Reviva Centro fracassa e região perde 2,5 mil lojas nos últimos sete anos

A falta de vagas de estacionamento agravada com a não retomada do parquímetro, o crescimento das vendas online e o transporte coletivo urbano sucateado levaram o Programa Reviva Centro ao fracasso mesmo depois de um investimento milionário de US$ 56 milhões.

De acordo com as entidades representativas do setor comercial, a revitalização das principais ruas da região central não impediu o esvaziamento ainda maior com o fechamento de 2,5 mil empresas nos últimos sete anos somente no quadrilátero formado pelas vias Rui Barbosa, 26 de Agosto, Calógeras e Mato Grosso.

“É muito triste”, lamenta o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Adelaido Vila, responsável pelo levantamento inédito. Ele lembrou que a crise se aprofundou com a pandemia.

Mesmo assumindo a Sidagro, Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio em 6 de maio de 2022 e depois se licenciando para concorrer à vaga de vereador onde também fracassou, Adelaido não conseguiu ajudar o projeto Reviva Centro a ter sucesso e agora critica a administração da prefeita “vale tudo” Adriane Lopes.

A Rua 14 de Julho, por exemplo, que é tida como coração do comércio por décadas, está com a maioria dos imóveis fechados, tendo as lojas de utilidades, farmácias e capinhas de celulares substituindo as tradicionais de roupas, sapatos e móveis.

Fundada há 12 anos, a Mega, loja de utilidades na Rua 13 de Maio, vai fechar as portas no próximo mês. Desde o início da semana, o estabelecimento colocou 7 mil itens em liquidação, com 50% de desconto.

A proprietária apontou como fatores a queda no movimento e o encarecimento do aluguel. Entre 2018 e 2025, o número de empresas do comércio e de serviços no Centro teve redução de 75%, de 3.412 para, pasmem, apenas 826. Houve o fechamento de 2.586 empresas nos últimos sete anos.

A maior perda foi no comércio, com redução de 80% no período, de 1.971 para 394 lojas. O setor de serviços teve redução de 69,9%, de 1.439 para 432. Já a indústria sumiu, passando de duas fábricas para nenhuma atualmente.

Para o gerente da Mega Jeans, Marcos Esteves, a pandemia agravou a crise no varejo no Centro. Nem a obra de revitalização, que teve investimento milionário e foi inaugurada ainda na gestão de Marquinhos Trad (PDT), impediu a bancarrota. Atuando na região há 29 anos, ele estima que houve redução de 25% no movimento.

Além do público, o comércio do Centro contabiliza queda de 70% no valor médio gasto pelos consumidores, de R$ 162, em 2018, para R$ 48 este ano. Parte da redução é pela troca das lojas de roupas e sapatos por estabelecimentos que comercializam utilidades, capas de celular e produtos mais baratos.

Com a revitalização, a prefeitura fechou 800 vagas de estacionamento no Centro. Além disso, de acordo com Esteves, sem o parquímetro, suspenso desde 2022, as poucas vagas disponíveis são ocupadas por funcionários das lojas, que deixam os veículos estacionados durante todo o expediente.

Marcos Esteves ainda aponta a falta de segurança na região. Com o fechamento da Estação Rodoviária e a ofensiva da PM e Guarda Municipal no Bairro Amambai, os moradores de rua passaram a “frequentar” a Rua 14 de Julho.

Adelaido critica a falta de segurança é a principal queixa dos comerciantes. Com a falta de policiamento da PM e sem a presença da Guarda Municipal, traficantes passaram a atuar no Centro e atrair os usuários. Além da crise nas vendas, comerciantes passaram a ter prejuízos com arrombamentos e pequenos furtos.