Na gestão do pastor Acosta, Banco do Cidadão recebeu R$ 700 mil e despertou atenção do MPE

A Instituição de Microcrédito Credquali, antigo “Banco do Cidadão”, ligada à Fundação de Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab), recebeu, na gestão do candidato a deputado federal pelo PRB e pastor evangélico Wilton Acosta, ex-presidente da Funtrab, recebeu R$ 700 mil. O montante motivou a investigação da Promotoria do Patrimônio de Campo Grande, comandada pelo promotor de Justiça Marcos Alex, que ontem (28) culminou com o cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal.

A operação apura desvio de dinheiro público do Banco Cidadão para pagar aluguel, material gráfico e veículos. Agora, é verificado pelo MPE (Ministério Público Estadual) o quanto desse total foi desviado. Uma matéria do site Campo Grande News mostrou que desde o fim de 2017 a instituição financeira não tinha oferta de crédito, portanto tinha se transformando em um “banco fantasma”.

Conforme a investigação, entre o segundo semestre de 2016 e primeiro semestre de 2017, o dinheiro teria sido usado “indevidamente para a aquisição de bens privados e pagamentos de despesas particulares de ex-dirigentes e membros do conselho deliberativo da Funtrab ”, quando a agência estadual de emprego era dirigida por Wilton Acosta e por membros da sua igreja.

O segundo alvo da ação foi a MIQ Cred Quali, que fica na Rua 15 de Novembro, no centro de Campo Grande. Questionada sobre o paradeiro do dinheiro, a direção informou que a Cred Quali é uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público), mas sem relação com o Banco Cidadão.

De forma contraditória, no mesmo dia, o então coordenador do banco disse ao Campo Grande News que Credi Quali era parceira no projeto e poderia informar a movimentação financeira e o total da inadimplência. Inclusive, indicou o endereço na 15 de Novembro.

Nesta sexta-feira, a reportagem fez contato por telefone com oscip e foi solicitado que questionamentos fossem encaminhados por e-mail. Equipe da Polícia Federal também foi a edifício na Rua da Paz, no Jardim dos Estados. A ação ainda apreendeu um veículo Astra.

 

Repercussão

O Governo do Estado informou na tarde de ontem (28) que determinou à Funtrab e à CGE (Controladoria-Geral do Estado) que apurem se houve ocorrência de prejuízo aos cofres públicos. De acordo com o advogado Luiz Carlos de Oliveira Bueno, nada foi levado da residência de Acosta.

“Eu estranho o fato do envolvimento da Polícia Federal em uma investigação do Ministério Público Estadual. Ainda assim, afirmo que durante a visita da PF em minha residência e no estúdio de meu filho nada foi encontrado”, diz Acosta em nota. Ele ainda questiona a ação num período eleitoral.