Em entrevista ao site G1, a viúva conta que continua vivendo na mesma casa humilde onde a execução ocorreu. “O Léo está por todas as partes desta casa, vemos ele por todos os lugares, ele era um bom pai, muito carinhoso com as crianças e um ótimo marido. O correto seria se mudar daqui para a dor diminuir, mas não temos condições para isso, não temos condições financeiras”, disse.
Ela conta que depois da morte do marido a situação financeira ficou bastante complicada, pois a única fonte de renda da família era o site de notícias de Léo Veras, que foi desativado logo após o assassinato. Cinthia Veras o reativou há dois meses, mas explica que por conta do crime e da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) só conta atualmente com um anunciante.
“Esse único anunciante é a renda de toda a família, vivemos dos R$ 300 que ele nos paga e graças a uma pessoa que me ajuda com uma cesta básica todo mês. Estou à procura de um trabalho, aceito qualquer tipo de emprego digno para sustentar minha família, estou procurando uma oportunidade para nos dar mais dignidade”, falou.
A família também vive apreensiva, pois, em frente à casa, o Governo do Paraguai disponibilizou uma viatura com policiais que vigiam o local 24 horas por dia. Quando saem da casa a escolta vai junto, mas a vigilância é apenas um alento para mãe e dos dois adolescentes. “Vivemos com muito medo aqui, tem noites que não dormimos, meu filho que viu o pai sendo morto é o que mais sofre, ele geralmente não quer ficar sozinho e pede para dormir comigo”, falou.
Ela completa que é muito complicado, pois, a qualquer movimento, qualquer barulho na rua, todos já olham pela janela pensando que a história vai se repetir. “Minha família não merece mais isso, já estamos mergulhados em um sofrimento sem fim, temos muito medo até de sair de casa”, revelou.
Cinthia Veras afirma que o amor pelos filhos faz com que ela tenha forças para continuar vivendo sem a presença do marido com quem ela conviveu durante 17 anos. Ela sempre fala da saudade de Léo e pede que os culpados sejam realmente encontrados pela Justiça.
Um mês após o assassinato, o Ministério Público do Paraguai realizou operações de busca e apreensão para encontrar o responsável pela morte do jornalista e prendeu 10 pessoas. Segundo a polícia do Paraguai, dos presos, 6 são paraguaios, 3 brasileiros e um boliviano.
Foram encontrados com eles, dinheiro, telefones celulares e câmeras fotográficas. Os policiais ainda apreenderam 4 pistolas calibre 9 mm, 2 revólveres, 1 espingarda e munições de diferentes calibres. O MP afirma que os armamentos iriam passar por perícia, para ver se foram utilizados no assassinato do jornalista brasileiro.
Um veículo branco também foi apreendido por ter características semelhantes ao do que foi usado no dia do crime. Além dele, outros 4 carros foram confiscados pela investigação conjunta da polícia e Ministério Público.
A operação ocorreu em 19 endereços de Pedro Juan Caballero. Os investigadores mantiveram contato com as autoridades brasileiras, mas as atividades ocorreram apenas em território paraguaio.
No início de maio, Waldemar Pereira, mais conhecido como cachorrão, foi preso em Pedro Juan Caballero. Ele é suspeito de envolvimento na morte do jornalista Leo Veras.