Marun reedita a “dancinha da pizza” depois da Câmara livrar Temer da segunda denúncia. Veja o vídeo

O deputado federal por Mato Grosso do Sul, Carlos Marun (PMDB), se tornou mais uma vez o centro das atrações, pelo menos de forma negativa para a opinião pública, depois de dançar e debochar da oposição na saída do plenário da Câmara, depois da votação que sepultou a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, que era acusado de organização criminosa e obstrução de Justiça.

Com a votação ainda em andamento, mais de 171 parlamentares (um terço do total) disseram “sim” ao parecer do tucano Bonifácio de Andrada que recomenda a rejeição da denúncia. A sessão ocorreu em meio à internação do peemedebista por causa de um problema urológico e apesar das tentativas da oposição de adiá-la.

Depois disso, Marun saiu pelo plenário cantando “Tudo Está no Seu Lugar”, de Benito Di Paula, dando passinhos de dança.

Relator da CPI mista da JBS, Marun está sendo processado por improbidade administrativa quando era presidente da Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab).

Em denúncia do Ministério Público Estadual, aceita pela Justiça, ele é acusado, com outros 13 réus, de causar lesão ao erário em valores estimados em R$ 16,6 milhões.

Era pau mandado de Eduardo Cunha, hoje é de Michel Temer. É um vencedor.

Se na primeira denúncia Wladimir Costa brilhou, desta vez ninguém tira o cetro de Carlos Marun.

Segundo o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, autor da acusação, o presidente liderou uma quadrilha para praticar atos ilícitos em troca de propina. Além de Temer, eram acusados os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

De acordo com a denúncia, o grupo supostamente liderado pelo presidente recebeu pelo menos R$ 587 milhões em subornos, e o mandatário seria o responsável por negociar cargos em órgãos públicos em troca de apoio a seu governo.

Além disso, Janot acusava Temer de incentivar os executivos da JBS a pagarem vantagens a uma irmã do doleiro Lúcio Funaro, ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, para evitar que ele fizesse um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

No início de agosto, o presidente já havia se livrado de uma denúncia por corrupção passiva, também resultante das delações da JBS. O governo venceu ambas as votações após semanas de intensas negociações e a ampliação de emendas parlamentares.

As duas denúncias ficarão suspensas enquanto Temer ocupar o Palácio do Planalto, mas poderão ser retomadas após o peemedebista deixar o poder.

OUTRA FLAGRADA DANÇANDO NO PLENÁRIO

SÃO PAULO – Ela não se conteve ao ouvir o anúncio de que João Magno (PT-MG) tinha votos suficientes para escapar da cassação na Câmara, em 23 de março de 2006. Levantou-se da cadeira e, sacudindo os braços, saiu bailando pelo plenário. O episódio, que ficou conhecido como “dança da pizza”, marcou a vida da ex-deputada federal petista Ângela Guadagnin, eleita por São Paulo.

Diante da repercussão da dança, ela renunciou ao posto no Conselho de Ética. Um mês depois, o então presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), leu, em sessão, uma censura verbal à sua atitude. Mas o calvário político dela começou quando tentou se reeleger. Sua votação caiu 75% em relação a 2002. Com 37.859 votos, não conseguiu renovar o mandato.

Em 2008, se candidatou a vereadora de São José Campos (SP), onde foi prefeita (1993-1996). Foi a 18ª mais votada, escolhida por 4.329 eleitores, mas, mesmo assim, conseguiu uma vaga. Quatro anos mais tarde, teve 3.268 votos. Também se elegeu.

Em março de 2014, quando sua dança completou oito anos, estudantes distribuíram pizzas na Câmara de São José.