Marido, esposa, filho e sobrinho se passavam por policiais para assaltar muambeiros na fronteira

Uma ação conjunta da PRF (Polícia Rodoviária Federal) com a Polícia Civil desbaratou uma organização criminosa familiar que se passava por policiais para assaltar muambeiros que compravam produtos contrabandeados no Paraguai.

Conforme a Polícia, o grupo criminoso era formado por quatro integrantes da mesma família. Todos moravam em Dourados (MS) e se passavam por policiais para praticar os crimes.

Eles foram presos após assaltarem dois muambeiros na noite de quarta-feira (30) em uma casa no distrito de Vila Vargas, município de Dourados.

Os nomes dos presos são Francisco Paulo Ávalos Espíndola, 39 anos, que seria o líder da quadrilha, a mulher dele, a advogada Maria Márcia Lisboa, 49 anos, o filho dela, Eliton Lisboa de Araújo, 30 anos, e o sobrinho do casal, Marcos Henrique da Silva Lisboa, 24 anos.

Durante as buscas, um adolescente acusado de comprar mercadorias roubadas foi apreendido. De acordo com as investigações, a “Família do Crime” agia há pelo menos um ano no trecho da BR-163 entre Dourados e Nova Alvorada do Sul (MS).

Essa é a mais intensa rota do contrabando que sai de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), com destino a Campo Grande e grandes centros do Brasil.

Usando carros com giroflex e vestindo coletes pretos e coturnos, eles simulavam barreiras na estrada para abordar motoristas de veículos lotados de contrabando, falavam que eram policiais rodoviários federais ou policiais civis e roubavam a carga.

Pelo menos 20 assaltos são atribuídos ao bando, mas o número real pode ser bem maior, já que a maioria das vítimas não registrou boletim de ocorrência por estar transportando mercadorias ilegais.

De acordo com o chefe da PRF em Dourados, inspetor Waldir Brasil, os policiais já estavam no encalço do bando após relatos de assaltos cometidos por bandidos se passando por agentes da instituição.

Em muitos casos, os motoristas das cargas foram agredidos e os carros incendiados após a mercadoria ser roubada. Na madrugada de quinta-feira (31), após o assalto em Vila Vargas, Francisco, Maria Lisboa, Eliton Lisboa e Marcos Henrique Lisboa foram abordados no posto da PRF em Rio Brilhante.

Eles estavam em uma Ford EcoSport com mercadorias trazidas do Paraguai. O veículo tinha um giroflex no painel. Como não havia nenhum indício contra eles naquele momento, a muamba foi apreendida e os quatro liberados.

Após uma das vítimas do assalto em Vila Vargas registrar o crime, policiais rodoviários federais se uniram e prenderam os suspeitos em Dourados. O adolescente, que comprava produtos roubados, foi detido na Linha do Potreirito.

De acordo com o delegado de Polícia Civil Lucas Albe Veppo, chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais), o bando conduzia as vítimas sob a mira de arma até uma região afastada e roubava as cargas, os veículos e outros objetos de valor.

“Em algumas ocasiões, eles também invadiam residências que eram utilizadas como depósitos de produtos, fazendo pessoas de reféns até que a carga fosse levada”, informou o delegado.

Com os acusados foram apreendidos um revólver calibre 38, simulacros (armas falsas), algemas, coletes balísticos, rádios comunicadores e distintivos, além de diversos produtos contrabandeados, oriundos dos roubos. Todos foram autuados em flagrante.

Conforme o delegado, após a divulgação do caso pela imprensa, pelo menos 20 outras vítimas fizeram contato com a delegacia e identificaram os presos como responsáveis por assaltos na região. Segundo ele, a advogada atuava no apoio aos demais criminosos, inclusive participando das falsas abordagens.