Mais de três meses após morte de veterinária, exame toxicológico do companheiro é “mistério”. Será?

Um silêncio que incomoda!

A morte da médica-veterinária Izabelle Cristovam Coutinho, de 29 anos, ocorrida após uma overdose de cocaína consumida quando estava em companhia do empresário Rafael Vallér, 30 anos, filho do dono do jornal O Estado MS, Jaime Vallér, dentro do quarto de um motel localizado na saída para Três Lagoas, em Campo Grande (MS), completou três meses na quinta-feira (16/04) e, até agora, ainda não foi divulgada a contraprova do exame toxicológico feito no rapaz para saber se ele estava ou não consumindo a droga junto com a garota que surtou e acabou morrendo logo em seguida.

Por que tanto silêncio?

As autoridades ainda não divulgaram o resultado se houve ou não o consumo da droga por Rafael Vallér junto com a companheira. Uma demora completamente sem uma explicação razoável.

Dois exames foram feitos e apesar do caso não estar sob sigilo, o de sangue e o do fio de cabelo, sendo que a demora até agora é porque o laboratório do Imol – Instituto Médico e Odontológico Legal do Estado – não está realizando essas perícias e as amostras foram levadas para outro Estado. No dia 20 de janeiro deste ano, somente depois de três dias da morte de Izabelle Coutinho, Rafael Vallér prestou depoimento ao delegado Ricardo Bernadinelle, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Carandá Bosque, e garantiu que a médica-veterinária era viciada em cocaína e a droga encontrada dentro do quarto de motel teria sido levada por ela.

Autoridades estão escondendo algo?

Ele informou ainda ao delegado que não era usuário de drogas e que a cocaína encontrada no quarto foi consumida somente por Izabelle Coutinho. Diante dessas declarações, o delegado Ricardo Bernadinelle encaminhou Rafael Vallér ao Imol para fazer coleta de material, que passaria por um exame toxicológico capaz de constatar se ele tinha ou não consumido drogas até três antes do teste. Ainda durante o seu depoimento, o filho do dono do jornal O Estado MS garantiu que estava limpo e não fez uso de cocaína na noite da morte da médica-veterinária.

A sociedade quer saber o que aconteceu, a família da moça não?

Conforme informações obtidas pelo Blog do Nélio, a Polícia iria aguardar o resultado do exame toxicológico e, caso fosse comprovado que Rafael Vallér não teria consumido a droga, ele não poderia ser incriminado, nem mesmo por omissão de socorro. Afinal de contas, conforme mostram as imagens e relatam as testemunhas, ele tentou colocar Izabelle Coutinho dentro da caminhonete, mas ela se recusou, saindo engatinhando e rolando no chão, dando claras demonstrações de não estava em si, além de dizer frases desconexas.

Uma morte tão precoce, por que o homem da história correu do local?

Pelas imagens coletadas pela Polícia, é possível verificar o estado em que estava a médica-veterinária, indicando que ela estava muito drogada. Além disso, de acordo com informações obtidas pela equipe de investigação, a garota seria mesmo viciada em cocaína. Também no dia 20 de janeiro o delegado coletou mais vestígios no quarto do motel, identificou várias testemunhas e já estava fazendo as oitivas dessas pessoas.

Entenda o caso

Na noite de 16 de janeiro de 2020, a médica-veterinária Izabelle Cristovam Coutinho morreu após surto provocado, provavelmente, por uso de cocaína dentro de um quarto de motel onde estava em companhia do empresário Rafael Vallér. Ela faleceu na BR-262, depois de sair em surto do local, rastejava no asfalto, gritando o tempo todo e espumando pela boca, segundo testemunhas do ocorrido.

As pessoas que tentaram ajudar a jovem relataram que ela saiu correndo de dentro do estabelecimento. Ela estava acompanhada do empresário, que é filho do dono do Grupo Qualidade, que tem fazendas, curtume e o jornal O Estado MS. Ainda de acordo com as testemunhas, Rafael Vallér tentou colocar a moça para dentro da caminhonete que conduzia, uma VW Amarock, mas, diante das circunstâncias, acelerou e foi embora do local, abandonada a moça, que veio a falecer.

Ela morreu depois da confusão que provocou ao entrar entre o pneu e o eixo de um caminhão que estava parado no acostamento, próximo ao cruzamento com a Avenida Doutor Paulo Adolfo Bernardo, na região do Jardim Noroeste. O motorista do caminhão relatou à Polícia que viu a jovem vindo em sua direção e conseguiu frear, evitando o atropelamento.

Quando as equipes de salvamento chegaram ao local ela já estava morta. A principal tese da Polícia é que a veterinária tenha sido vítima de overdose, por causa dos sintomas – agitação extrema, confusão mental, pupilas dilatadas. Uma dona de casa, de 34 anos, que preferiu não se identificar, conta que tentou conter a vítima.

“Comecei a ouvir os gritos dela dentro do motel. Ela dizia que o homem iria matar ela e então ela saiu correndo para fora. Eu fiquei preocupada e vim tentar ajudar”, contou. Ainda segundo a moradora, a vítima estava visivelmente descontrolada. “Eu pedia para ela se levantar, dizia que ia ficar tudo bem, mas ela falava que a mãe dela não podia ver ela daquele jeito”, conta.

O empresário Rafael Vallér também teria tentado ajudar a controlar a mulher antes de fugir. “Ele dizia que ela ia acabar com a vida dele até que em determinado momento ele jogou as coisas dela na rua e foi embora”, completa a moradora. Ainda conforme a testemunha, foi nesta hora que a veterinária atravessou a rodovia e foi até o caminhão que estava parado.

Pessoas tentaram retirar a vítima, mas ela se negou a sair debaixo do caminhão. No quarto do motel, não tinha sinais de violência – o quarto estava arrumado –, mas resquícios de substância que parece ser cocaína foram encontrados no local.