Mãe de jornalista vítima de feminicídio pede exoneração de delegada e faz críticas à apuração da Corregedoria

A dona Maria Magdalena Ricarte, mãe da jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, vítima de feminicídio praticado pelo ex-noivo Caio Nascimento, pediu a exoneração da delegada de Polícia Civil que atendeu a filha e criticou o inquérito da Corregedoria da Polícia Civil, que chegou a apontar falhas no sistema de proteção às vítimas de violência doméstica, mas não identificou culpados pelo não cumprimento dos protocolos.

O depoimento emocionado foi feito durante audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande convocada para discutir sobre a rede de atendimento às mulheres em situação de violência. “Os áudios mostram como ela ficou decepcionada com o atendimento. Houve falha sim. A Lei Maria da Penha garante à mulher atendimento contínuo e escolta policial. Se tivessem feito a escolta como determina a lei, ela não teria morrido esfaqueada”, desabafou.

Ela se refere aos áudios enviados por Vanessa Ricarte a uma amiga, narrando ter sido tratada com descaso e não ter tido apoio policial solicitado após a concessão de medida protetiva contra o ex-noivo, sendo que a vítima morreu horas depois. Ainda na audiência, a mãe da jornalista disse que a filha não conseguiu atendimento e proteção e, por isso, estava solicitando a exoneração da delegada.

“Cadê o conhecimento da delegada em não convencer a vítima a voltar para a casa? Por que Vanessa não conseguiu alterar o boletim de ocorrência? A Casa da Mulher Brasileira é tão grande e imponente, mas, completamente ineficaz”, concluiu.

O pai de Vanessa Ricarte, Agmar Ricarte, fez um pronunciamento mais brando, mas solicitou que as delegadas de Polícia Civil peçam às vítimas para avisarem os familiares da violência que estão sofrendo.

Sobre o caso de Vanessa Ricarte, a titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), delegada de Polícia Civil Elaine Benicasa, afirmou que “os inquéritos administrativos ou criminais foram apurados de forma pormenorizada, juntado provas documentais e testemunhais”, e que a investigação foi apurada nos mínimos detalhes.

Ela citou ainda o trabalho da Polícia Civil para indiciar o músico Caio Nascimento pelo feminicídio, incluindo na denúncia a violência doméstica e o cárcere privado. Por fim, Elaine Benicasa disse que o momento é de olhar para trás e ver o quanto já foi feito e quantas vidas foram salvas. “É preciso ainda olhar para o presente para nos abrirmos a eventuais dificuldades, déficits e problemas que precisam ser enfrentados”, declarou.