Que a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), é má gestora, não se discute. Agora, que ela também não sabe fazer um pregão correto é novidade. Nenhum banco apresentou proposta para administrar a folha de pagamento dos cerca de 33 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas da Prefeitura de Campo Grande.
As propostas estavam sendo esperadas para o começo da manhã de sexta-feira (17), mas em nota no fim da tarde a assessoria da Prefeitura da Capital informou que “não houve lançamento de proposta, portanto a licitação restou deserta”.
O lance mínimo estipulado pelo edital publicado no dia 3 março era de R$ 99.356.384,00. E, como não houve interessados, agora a administração terá de reduzir a exigência e abrir nova disputa.
A Prefeitura não informou se já tem data para este novo leilão e qual será o valor a ser exigido agora. Além de cobrar taxas mensais de boa parcela destes servidores, o banco que vencer o leilão acaba recuperando o dinheiro com os empréstimos consignados contraídos pelo funcionalismo.
O risco de inadimplência praticamente não existe e por isso são garantia de lucro para o banco. E, o corte na taxa de juros determinada pela União para empréstimos a aposentados pode ter assustado o sistema bancário, que agora suspeita que medidas semelhantes sejam adotadas para outros tipos de empréstimos consignados.
Na posse da nova direção do Tribunal de Contas do Estado (TCE), na manhã de sexta-feira, a prefeita Adriane Lopes ainda se mostrava otimista com a possibilidade de a Prefeitura conseguir um faturamento milionário e se limitou a dizer que o “dinheiro será investido na cidade”.
Na última disputa, quando a prefeitura estipulou o valor mínimo de R$ 50 milhões, em 2017, somente o Bradesco participou e até hoje os servidores são vinculados ao banco. Na época, o banco ofereceu ágio insignificante sobre o valor mínimo, pagando R$ 50.050.492,70. Antes disso, em 2012, a administração faturou R$ 33 milhões.
Em 2017 o dinheiro foi utilizado para garantir o décimo terceiro salário do funcionalismo. Nos últimos meses a prefeitura enfrentou greve de professores e de servidores da saúde. Além disso, surgiu grande polêmica porque a Câmara de Vereadores elevou o salário da prefeita em pouco mais de 66% já a partir de primeiro de março.
Com este aumento, a remuneração passou de R$ 21.263,62 para R$ 35.462,22. Além disso, o salário de todo o primeiro escalão também teve aumento. Mas o efeito principal nas contas da prefeitura não são estas três dezenas de servidores. O efeito principal da medida aprovada na pelos vereadores é que ela destrava o salário de cerca de 600 procuradores jurídicos e auditores fiscais de pelo menos quatro secretarias.
O salário bruto destes auditores e procuradores, que não era corrigido fazia quase doze anos, passa para até R$ 35,4 mil mensais. Em todas as negociações salarias o Executivo municipal tem alegado que a folha de pagamento está perto do limite prudencial e que está impedido de corrigir os salários. Porém, as lideranças sindicais agora acreditam que esse aporte extra de recursos possa facilitar as negociações.