O juiz da paz Nery Abel Martinez Figueredo e sua esposa, a promotor de Justiça Karina Elizabeth Escurra de Silvero, ambos de San Juan Nepomuceno, no Departamento de Caazapá, no Paraguai, tiveram aceitos pela Justiça do país vizinho as acusações pelos crimes de usura, enriquecimento ilícito e lavagem do dinheiro do narcotráfico.
O esquema do casal foi desbaratado durante operação realizada na sexta-feira (01) sob o comando de quatro promotores de Justiça e agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), que invadiram os escritórios e residência de ambos.
Segundo as investigações, o juiz de paz e a promotora usaram seus respectivos cargos para extorquir e retirar propriedades das vítimas, a quem concediam empréstimos com juros abusivos. O dinheiro usado para os empréstimos seria do tráfico de drogas e estava sendo levado pelo casal.
A investigação começou com uma denúncia anônima de um comerciante da cidade, que praticamente faliu porque não podia pagar os empréstimos consecutivos que tinha contraído com o juiz e a promotora, que cobraram juros impagáveis.
Os escritórios do magistrado foram revistados nas primeiras horas de sexta-feira e, em seguida, a residência do casal, onde foram encontrados G$ 140 milhões, US$ 8 mil, alguns reais e um monte de cheques e notas promissórias em branco com a assinatura dos devedores, bem como contratos de cessão de veículos e imóveis em favor da dupla.
Também estão envolvidos no esquema a fiscal Maria Laura Riveros, que trabalhava com Karina Elizabeth Escurra de Silvero, e o irmão da promotora de Justiça, o advogado Javier Nicanor Escurra de Silvero. A fiscal, por exemplo, tinha uma caminhonete Toyota Fortuner e morava em uma luxuosa mansão, bens que não correspondem ao seu modesto salário.
Na mansão da fiscal, os agentes da Senad encontraram outros veículos de alto padrão, que teriam recebido como pagamento por empréstimos ilegais que supostamente também teriam feito pelo casal. A última pesquisa batida policial foi realizada em uma pequena loja, cuja fachada era para receber e fazer pagamentos, além de recarga celular, mas que na verdade funcionava como escritório para conceder os empréstimos financeiros.
O negócio, que seria do juiz e da promotora, era comandado oficialmente pelo advogado Javier Nicanor Escurra de Silvero. A principal hipótese sobre a qual a investigação foi centrada era de que a rede se dedicava à lavagem do capital proveniente do tráfico de drogas.
Foi até mencionado que Javier “Cucho” Cabaña teria fornecido dinheiro para o juiz e para a promotora para injetá-lo no sistema financeiro através de esforços aparentemente legais. Supostamente, se seus devedores não pagavam o capital e as altas taxas de juros fixadas unilateralmente, eram extorquidos e ameaçados com processos judiciais.