Juiz nega pedido de filho mais novo de Jamil Name para declarar pai como “demente e senil”

Preso desde o dia 27 de setembro do ano passado sob a acusação de comandar uma milícia armada para manter o controle do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul, o empresário campo-grandense Jamil Name, 83 anos, teve negado pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, o pedido feito pelo filho mais novo, deputado estadual Jamilson Lopes Name (sem partido), de que o pai fosse declarado demente e senil pela Justiça.

Caso a solicitação fosse aceita pelo magistrado, o octogenário poderia obter a tão sonhada transferência do Presídio Federal de Mossoró (RN) para o Complexo Penitenciário do Estado em Campo Grande (MS). O deputado estadual Jamilson Lopes Name encaminhou a solicitação depois que, durante uma audiência feita por meio de videoconferência, o pai ameaçou matar um policial civil do Garras e propor pagar R$ 600 milhões em troca da liberdade ao “ministro”.

No entanto, por não verificar doença ou perturbação mental de Jamil Name, o juiz Roberto Ferreira Filho negou a instauração de insanidade mental. A ameaça de morte e o suborno milionário foram gravados e feitos durante audiência judicial, testemunhadas por advogados, promotores de Justiça e agentes penitenciários federais. Conforme a defesa, na conversa com advogados, o empresário insistiu em falar com o ministro, que identificou como Rogério Schietti da Cruz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Ele inclusive pediu para o ministro ligar no Presídio Federal de Mossoró, onde lhe faria proposta por telefone. Acusado de chefiar grupo de extermínio, ele é alvo de quatro mandados de prisão preventiva e está isolado na penitenciária sem receber visita desde 15 de janeiro deste ano. As visitas foram suspensas desde março por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

De acordo com a defesa, entre maio e outubro deste ano, Jamil Name participará de 26 audiências criminais. Os advogados repetem o histórico do empresário para pedir a interdição judicial, como a idade avançada e as doenças crônicas, como diabetes mellitus, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva e a síndrome do idoso frágil. Ele perdeu 21 quilos desde que foi preso em setembro passado.

Todos esses problemas foram analisados por todas as instâncias do Poder Judiciário – juízes de primeira instância, 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. Agora, os advogados usam as ações polêmicas de Jamil Name para tentar livrá-lo de responder pelos crimes de homicídio, obstrução da Justiça, arsenal de armas de fogo, organização criminosa, milícia privada e do suposto plano para matar autoridades, como o delegado do Garras, Fábio Peró, e o promotor do Gaeco, Tiago Di Giulio Freire.