Juiz expede ordem de escolta contra sargento da que matou esposa e vai a Júri dia 05

O juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, expediu ordem de escolta para o ex 2º sargento da Aeronáutica Tamerson Ribeiro Lima de Souza, 31 anos, que era lotado na Base Aérea de Campo Grande (MS) e matou no dia 4 de fevereiro deste ano a esposa, Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos. No próximo dia 5 de outubro, a partir das 8 horas, no Plenário do Tribunal do Júri, o assassino vai a júri popular pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver.

“Designo o julgamento do referido acusado no Plenário do Júri para o dia 5 de outubro do fluente ano, às 08h, oportunidade em que os laudos requeridos pelo MPE (Ministério Público Estadual), com a ciência da defesa, deverão estar nos autos, devendo o cartório diligenciar neste sentido”, declarou o magistrado na decisão, lembrando que, no decorrer do processo, pelo menos 15 testemunhas foram ouvidas, incluindo amigos, familiares e até pessoas envolvidas na investigação.

No interrogatório em agosto deste ano, ele confessou que matou a esposa asfixiada e depois desovou o corpo dela em uma área de mata. O homicida alegou ainda que estava arrependido do crime e disse que a matou por acidente quando tentava contê-la, já que, conforme ele, a vítima estava descontrolada e quebrando móveis da casa.

Segundo o advogado de defesa, João Ricardo, Tamerson de Souza alegou que Natalin Maia teria chegado em casa com sinais de embriaguez, descontrolada e o agredindo. Ele então teria aplicado o golpe que a matou na tentativa de contê-la, para que parasse com as agressões e não quebrasse os móveis da casa.

O ex-sargento chegou a forjar conversas, enviando mensagens para seu psicólogo e dizendo que teria sido abandonado pela vítima. Prints das mensagens de WhatsApp anexadas recentemente ao processo de Tamerson de Souza mostram a tentativa de dissimulação do militar em dizer que Natalin Maia o tinha abandonado, assim como a filha.

Em depoimento realizado em junho deste ano, familiares da vítima relataram episódios de agressões e o medo que a vítima sentia do marido. A avó de Natalin Maia relatou que no fim de 2021 a jovem pediu para dormir com ela e, naquela noite, confidenciou que o casamento não ia bem.

“Ele está me maltratando, me machucando, tenho medo”, teria dito Natalin Maia para a vó. Ainda segundo a testemunha, a neta contou que, se prestasse queixa, Tamerson de Souza a mataria, que foi excluído das fileiras da FAB (Força Aérea Brasileira) em decisão no processo administrativo do Conselho de Disciplina.

A decisão foi publicada no fim de junho e o pedido de transferência para um presídio comum foi deferido no mês passado. Preso por assassinar a esposa Natalin Maia, ele estava detido na Base Aérea de Campo Grande. Em ofício, o comandante, brigadeiro do ar Clauco Fernando Vieira Rossetto, comunicou a exclusão do réu das fileiras da FAB.

Ainda de acordo com o ofício, Tamerson de Souza foi excluído a bem da disciplina, perdendo o direito de responder ao processo preso na Base Aérea. Após a expulsão, foi solicitado traslado DP ex 2° sargento da Aeronáutica para um presídio comum. O pedido foi deferido pelo juiz Aluizio dos Santos Pereira, sendo cumprido prontamente pelo Comando da Base Aérea de Campo Grande.