Jogou pra Câmara! Prefeita se esconde do imbróglio sobre o aumento de seu salário de R$ 35 mil

Sem ficar com o rosto vermelho de vergonha, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), disse ontem (27), na maior cara de pau do mundo, que a Câmara Municipal está fazendo a parte que lhe cabe ao recorrer da decisão do juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Homogêneos de Campo Grande, que suspendeu, por meio de liminar, a Lei Municipal nº 7.005, de 28 de fevereiro de 2023, que fixou o salário dela em R$ 35.462,22 e que também reajustou o salário do vice-prefeito (cargo que não é ocupado por ninguém no momento) para R$ 31.915,80 e dos secretários municipais e dirigentes de autarquias para R$ 30.142,70.

Além da Procuradoria Jurídica da Casa de Leis, instituição presidida pelo vereador Carlos Augusto Borges (PSB), também recorreu da decisão o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Fiscal de Campo Grande (Sindafir-CG). Os auditores fiscais e os procuradores jurídicos são as categorias que vão se beneficiar diretamente desta lei, podendo ganhar os R$ 31,9 mil imediatamente, valor que se enquadra no subteto do serviço público brasileiro.

Já Adriane Lopes, mais uma vez, aproveitou a oportunidade para se isentar da responsabilidade do projeto de lei que a beneficia. “A Câmara está fazendo o papel dela. A propositura daquele projeto teve começo, meio e fim da Câmara. Eu, como prefeita, disse que não queria aquele projeto naquele momento porque o município está passando por dificuldades financeiras desde que eu assumi a gestão”, declarou para a imprensa, jurando de pés juntos que não quer ter os vencimentos reajustados em 66% de forma imediata.

Logo após a liminar concedida por Marcelo Ivo de Oliveira, a Câmara Municipal e o sindicato de fiscais ingressaram com agravo endereçado ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Na justificativa apresentada pela Procuradoria Jurídica da Câmara aos desembargadores, é que a chefe do Executivo, os secretários e os servidores perderam “poder de compra” nos últimos meses, sendo que, atualmente, o teto do serviço público em Campo Grande (o salário da prefeita) é de R$ 21,2 mil.

Se a “digníssima” prefeita da Capital, seus secretários, os auditores fiscais e os procuradores jurídicos consideram viver com R$ 21,2 mil, poderia imaginar como é para a maioria dos cidadãos do Brasil viver com um salário mínimo. Tenham vergonha na cara e pensem mais em Campo Grande e na população, que enfrenta ruas esburacadas e postos de saúde lotados.