Intolerância, tiros e prejuízos. Manifestantes pró-Bolsonaro fecham várias rodovias pelo Estado

Após a derrota do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), para o petista Luiz Inácio Lula da Silva no 2º turno das eleições, os bolsonaristas, grande parte formada por caminhoneiros, bloquearam rodovias federais e estaduais dentro de Mato Grosso do Sul. Os manifestantes fecharam até a fronteira com o Paraguai, inclusive invadindo parte do território do país vizinho na região de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS).

Em nota, a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) aponta que bloqueios acontecem na MS-386, entre Ponta Porã e Amambai, na MS-156, entre Amambai e Caarapó, na MS-289, próximo a Coronel Sapucaia, na MS-306, entre Chapadão do Sul e Cassilândia, na MS-080, entre Corguinho e Rochedo, e na MS-164, entre Antônio João e Ponta Porã. A PMR (Polícia Militar Rodoviária) está negociando com os manifestantes a liberação das passagens para carros pequenos e caminhões com cargas de medicamentos, além do tráfego de ambulâncias.

Já as rodovias federais bloqueadas no Estado, de acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), são a BR-163, em Campo Grande, Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Rio Verde, Coxim, Dourados, Caarapó e Sonora, mas em alguns trechos há liberação para veículos pequenos e de emergência, enquanto em outros o fechamento é total. Na BR-060, os manifestantes estão em Camapuã, Paraíso das Águas, Sidrolândia e Nioaque, mas com passagem para veículos de emergência e carga viva.

Na BR-158, o ponto com bloqueio é em Cassilândia, com passagem para veículos de passeio e emergência, enquanto na BR-267 o fechamento acontece em Maracaju, com liberação também para carros de passeio, carga viva e emergência. Na BR-262, em Aquidauana, os manifestantes estão no quilômetro 383, onde a passagem está liberada para veículos pequenos por dentro da cidade, enquanto em Anastácio a rodovia também foi fechada e pneus foram incendiados.

AGU

Com bloqueios de rodovias federais em vários Estados, incluindo Mato Grosso do Sul, a PRF acionou a AGU (Advocacia-Geral da União) para que garanta na Justiça a livre circulação nas vias. “É importante destacar que a PRF já acionou a Advocacia Geral da União (AGU) em todos os Estados onde foram identificados pontos de bloqueio, para obter interdito proibitório na Justiça Federal, objetivando, liminarmente, a expedição de mandado judicial como forma de garantir pacificamente a manutenção da fluidez nas rodovias federais brasileiras”, informa nota de esclarecimento, divulgada nas redes sociais da corporação.

O interdito proibitório é um procedimento judicial utilizado para fazer cessar a ameaça ao exercício da posse de alguém. A PRF menciona que tenta o diálogo desde a noite de domingo (dia 30), quando as rodovias foram bloqueadas. “Por fim, a PRF encontra-se em todos os locais identificados com efetivo mobilizado nos pontos de bloqueio e permanece trabalhando pelo fluxo livre nas rodovias federais, viabilizando-se o escoamento da produção, assim com o direito de ir e vir dos cidadãos, além de seguir monitorando de perto os locais com alta probabilidade de interdição”, diz o comunicado.

Prisão

Na BR-060, em Sidrolândia, o advogado identificado como Bhenhur Rodrigo Bresciani foi preso pela PRF no início da tarde após tentar furar um bloqueio e atirar contra os manifestantes. Ele estava em um HB20 prata e avançou contra o grupo, sendo que algumas pessoas se afastaram e então foram ouvidos barulhos de três disparos de arma de fogo. Com isso, manifestantes e policiais rodoviários federais correm.

Logo depois, acaba preso pela PRF e alguns manifestantes gritam ao assistirem o homem sendo retirado do veículo. Um policial avisa que ele está sendo levado para a delegacia e pede que o grupo se acalme. Uma mulher que também estava no carro aparece em seguida discutindo com os manifestantes.  “Aqui é democracia, a gente quer passar e vocês não deixam. A gente tem compromisso”, declarou.

Bhenhur Rodrigo declara que o grupo quer prejudicar a direita e que foi atacado pelos manifestantes. “Estava me deslocando para Campo Grande porque tenho uma reunião importante e pedi para passar, por favor, mas eles me impediram. Eu disse que ia passar, avancei e começaram a atacar coisas no meu carro. Tentaram investir contra minha integridade física”, disse o advogado.

No relato ele afirma ainda que atirou para cima para repelir uma agressão injusta e sabe seus direitos. “Não vou aceitar ser subjugado por essas pessoas que estão aqui parados na BR atrapalhando as pessoas que são de bem, que estão trabalhando. Sou de direita, não de esquerda. Não concordo com isso. Se precisar brigar, vamos brigar, mas dentro da legalidade e com respeito. Mas não vou abaixar minha cabeça, fui atacado e agi em legítima defesa”, afirmou.