O MPE (Ministério Público Estadual) abriu inquérito para investigar o diretor de relações internacionais da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), o empresário Aurélio Rolim Rocha, por desmatamento irregular em uma de suas fazendas, a Salto, localizada no município de Nioaque (MS).
O industrial aparece como requerido em investigação para apurar desmatamento de 6,5 hectares (65 mil metros quadrados), o equivalente a quase 7 campos de futebol. Consta no resumo do inquérito que existe um auto de infração nº 014757/2024, apontando que a devastação foi realizada “sem autorização da autoridade ambiental competente”.
Dono de verdadeiro império agropecuário, a Valor Commodities — dona de cerca de 50 mil hectares em Mato Grosso do Sul —, Aurélio Rolim também é presidente da LideMS, uma espécie de fórum empresarial, que tem o empresário Sérgio Marcolino Longen, presidente da Fiems, como presidente do comitê gestor.
Inclusive, recentemente, os dois integraram missão oficial de Mato Grosso do Sul que foi, no início do mês, a países da Ásia, em busca de novos mercados para exportações do Estado. Aurélio Rolim integrou o grupo como diretor da Fiems, já que ocupa a pasta de relações internacionais.
De acordo com dados públicos oficiais do MPE, são ao menos 10 procedimentos por danos ambientais que o órgão conduz contra Aurélio Rolim. São procedimentos registrados nas promotorias de Bela Vista, Deodápolis, Nioaque e Porto Murtinho, todos por crimes ambientais.
O mais antigo é de 2017 e, somente em 2025, já são dois inquéritos abertos em Nioaque, um no dia 3 de julho e outro no dia 18 do mesmo mês. Em nota enviada à reportagem, Aurélio Rolim disse que irá colaborar com a investigação.
“Na qualidade de proprietário da Fazenda Salto, em Nioaque (MS), informo que já tomamos ciência do inquérito e, como sempre pautamos nossa conduta pela transparência e responsabilidade, estamos à disposição para colaborar na apuração dos fatos. É importante destacar que a propriedade já possui um PRADA devidamente protocolado e em execução, justamente com o objetivo de sanar eventuais passivos ambientais anteriores à aquisição da propriedade pelos atuais proprietários. Reiteramos nosso compromisso permanente com a regularidade ambiental e a adoção de boas práticas de gestão sustentável”, escreveu na nota oficial.
Enquanto embarcava para missão oficial de MS para a Ásia, Aurélio Rolim também era alvo de execução fiscal movida pelo Estado de Mato Grosso do Sul, por dívida milionária da Valor Commodities por não pagar ICMS.
Consta nos autos que a dívida inicial era de R$ 991.040,59, porém, planilha de cálculo atualizada anexada pela PGE (Procuradoria-Geral do Estado) mostrou valor atualizado de R$ 1.068.193,36.
Assim, em junho deste ano, o juiz Marcel Henry Batista de Arruda determinou bloqueio dos valores nas contas em nome da Valor. No entanto, a empresa com capital social de R$ 10 milhões não possuía saldo em nenhuma das seis instituições a qual possui conta.
Então, para conseguir receber a dívida, o Estado faz novo pedido ao juiz para que seja feita nova ‘varredura’ nos bancos, mas desta vez com o CNPJ da filial executada, localizada em Deodápolis. Além disso, a PGE pede que, caso não consiga o bloqueio dos valores, que sejam bloqueados veículos em nome da Valor Commodities Deodápolis.
Inquérito movido pelo MPE em 2019 revelou desmatamento de reserva legal na Fazenda Annalu, também de propriedade de Aurélio Rolim. O relatório do MPE mostrou que a propriedade não possuía o mínimo exigido de área de reserva legal e, ainda que, trechos da área haviam sido ‘convertidos’ para uso alternativo do solo. Assim, o inquérito determinou a suspensão imediata de atividade pecuária dentro da reserva legal e recomposição da vegetação desmatada.
Para isso, foi instaurado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Nesse acordo, constam ainda outras infrações ambientais na fazenda de Aurélio Rolim, como declaração no Cadastro Ambiental Rural de apenas metade da faixa de proteção permanente exigida pelo Código Florestal. Além da construção de um pesqueiro dentro de APP (Área de Preservação Permanente). Também foi identificado desvio no curso do Rio Dourados. Com infos Midiamax