Agora é oficial: o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, candidato a governador pelo PDT, jogou no lixo todos os seus argumentos utilizados na campanha eleitoral deste ano. Na contramão de tudo que o pai pregou durante o 1º turno das eleições, o filho do candidato, Odilon de Oliveira Júnior (PDT), candidato a deputado federal derrotado no pleito de 7 de outubro, foi até o Centro de Triagem de Campo Grande, no começo da semana passada, para pedir bênção ao ex-governador André Puccinelli para fechar a aliança do PDT com o MDB.
A sigla, para quem não sabe, foi chamada de quadrilha pelo próprio juiz Odilon de Oliveira durante a campanha do 1º turno, mas, neste 2º turno virou aliado de primeira hora, tanto que mandou o próprio filho, seu novo coordenador de campanha, pedir o aval de um presidiário, ou seja, tudo que o magistrado tanto combateu em suas andanças pelo Estado.
Segundo reportagem do jornal Correio do Estado, logo após a visita de Olilonzinho a André, no dia 10 de outubro, o PDT e o MDB anunciaram a união para o 2º turno contra a reeleição do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). A reportagem teve acesso à ata de controle de entrada do Centro de Triagem, onde Puccinelli está preso desde o dia 20 de julho, que consta Odilon Júnior no local para visitar o ex-governador junto do advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães, denunciado na Operação Coffee Break, a qual investiga a suposta compra de voto dos vereadores de Campo Grande para cassar o então prefeito Alcides Bernal (PP) em 2014.
Os dois chegaram por volta das 11h37, identificaram se como advogados, com os números de registro de ambos na Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-MS) marcados na ata, “para falar com o interno André Puccinelli”. No documento não consta o horário que o filho do Juizão deixou o local, porém, às 11h54 e às 11h55, são anotadas duas saídas do advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães, e ele entrou apenas uma vez no prédio.
O vereador de Campo Grande e filho do juiz federal foi à unidade logo após o resultado das eleições em Mato Grosso do Sul, que deixou o candidato do MDB, Junior Mochi, fora da corrida do segundo turno. Mochi só entrou na disputa após a desistência de Puccinelli, por estar preso, e da senadora Simone Tebet, que justificou os apelos feitos pela família para deixar a eleição.
Os dias 8 e 9, subsequentes ao resultado do primeiro turno no Estado, foram de grande movimentação para o interno André Puccinelli. No dia 8, o ex-governador recebeu o presidente municipal do partido, Ulisses Rocha, às 8h10; os advogados: Flávio de Melo Ferraz, às 8h34, Renê Siufi, às 9h15, e Wellington Coelho de Souza, às 9h20.
Luiz Gomes Guimarães também foi ao local no meio da manhã, às 9h27. No dia 9, Mochi e Ulisses voltaram ao Centro de Triagem, às 8h40, e tiveram uma conversa longa com o preso. A dupla deixou o local às 10h15.
Tiro no pé
A aliança do Juiz Odilon com o MDB vai contra seu discurso de que não teria denunciados e condenados em sua campanha e, principalmente, na sua gestão como governador. A campanha do candidato do PDT é coordenada em Campo Grande pelo ex-vereador Paulo Pedra, que está inelegível por ter mandato cassado em novembro de 2015 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por compra de votos.
Outra controvérsia na campanha do juiz é a aliança com André Puccinelli, que foi preso pela Polícia Federal, após o pedido do Ministério Público Federal (MPF) ser acatado pela Justiça Federal. André Puccinelli Júnior e o advogado João Paulo Calves foram presos no mesmo dia, todos no âmbito da 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, Papiros de Lama.