O que era para ser a formatura de mais uma turma de policiais militares em Mato Grosso do Sul acabou se transformando em um grande abacaxi para o Governo do Estado descascar.
Aos brados de “Eu prendo vagabundo e bato nele até morrer” e outras menções à tortura durante o interrogatório, a formatura da 38ª turma da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi marcada por um vídeo que circulou nas redes sociais e causou revolta da opinião pública.
A situação ganhou tanta projeção que o Governo do Estado emitiu uma nota repudiando “quaisquer condutas que incentivem a violência” dentro da Polícia Militar e afirmou que tomará as medidas cabíveis para apurar a situação, classificada como “caso isolado”.
O grupo de 427 novos soldados da PM representa a maior turma a concluir a formação na história do Estado. A cerimônia oficial do 38º Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar foi na quinta-feira (31), no Comando-Geral da PMMS, em Campo Grande, e teve até a presença do governador Eduardo Riedel (PSDB), que deu nome à turma.
Durante o “aquecimento” para a cerimônia, os novos soldados PMs cantaram a seguinte música: “Bate na cara, espanca até matar/Arranca a cabeça dele e joga ela pra cá/O interrogatório é muito fácil de fazer/Eu pego o vagabundo e bato nele até morrer/Desce aqui e venha conhecer/A tropa da PM que cancela CPF”.
Além de nota do Estado, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul também repudiou o grito de guerra adotado pelos novos integrantes da turma do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar.
“O conteúdo do grito, que exalta práticas como ‘espancar até matar’, ‘arrancar a cabeça’ e ‘bater até morrer’, representa apologia explícita à violência, à tortura e ao extermínio, sendo absolutamente incompatível com a missão constitucional da Polícia Militar, que, conforme consta em seu próprio site institucional, é: ‘Servir e proteger a sociedade de Mato Grosso do Sul promovendo segurança cidadã’”, disse em nota.
Em 2024, 86 pessoas foram mortas pela polícia em Mato Grosso do Sul, número 34,35% inferior ao registrado em 2023, ano que havia sido recorde do índice no estado, que registrou 131 mortos. Os números são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp).
Entre os anos de 2023 e 2024, o número de mortos em confronto com a polícia foi de 217 – deste dado os homens representam a maior parte dos casos (92,93%). Dos óbitos no período destes dois anos, em Campo Grande foram registrados 96 casos, e no interior do Estado 121 mortos.
Apesar da queda do índice, 2024 foi o segundo ano com o maior número de mortes causadas por agentes do estado da série histórica, iniciada em 2015. O ano anterior havia representado um aumento de 156,8% com relação a 2022, ano em que 51 foram mortos, se firmando como o com maior letalidade policial da história de Mato Grosso do Sul.
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