Os mandados são cumpridos no condomínio de luxo Damha III, onde mora Neno Razuk. A operação é contra o jogo do bicho e estaria ligado a roubos de malotes de grupos rivais que estavam atuando em Campo Grande.
Três boletins de ocorrência foram registrados por roubo destes malotes e duas das três vítimas teriam reconhecido um sargento PM como autor dos assaltos.
Nas três ocasiões, segundo os registros, o sargento teria usado uma pistola, ameaçado e intimidado os apontadores, na tentativa de fazê-los mudar de lado. Citando o nome do suposto interessado em assumir o jogo do bicho em Campo Grande, o policial da reserva sempre deixava um ‘recado’ ameaçador.
Na casa onde no Bairro Monte Castelo onde 700 máquinas foram apreendidas, foi encontrada uma pistola. A investigação das máquinas encontradas está a cargo do DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado). Além do sargento, um major PM aposentado da Polícia Militar também foi flagrado na residência.
A disputa pelo jogo do bicho em Campo Grande, que estaria sob o comando de um grupo de outro estado, teria envolvimento de servidores públicos da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul). O grupo rival teria assumido a Capital logo após a Operação Omertà desmantelar o grupo que mantinha a contravenção em Campo Grande.
Este grupo rival, logo após assumir, teria ‘comprado’ rivais para que não se instalassem na Capital. Agora, o grupo que lidera a região de fronteira de Mato Grosso do Sul tenta tirar do grupo rival o controle do jogo do bicho campo-grandense.
Máquinas do jogo do bicho
Há alguns meses, o Garras apreendeu 700 máquinas do jogo do bicho em um casa no Bairro Monte Castelo e prenderam em flagrante o major PM Gilberto Luiz dos Santos, que está aposentado e é comissionado no gabinete do deputado estadual Neno Razuk desde 2019, e o 1º sargento PM Manoel José Ribeiro, o “Manelão”, que também está na reserva.
Ambos foram liberados no mesmo dia do flagrante e negaram qualquer envolvimento com o jogo do bicho. Não é a primeira vez que a influência do crime organizado na Sejusp provoca mal-estar entre servidores que não ‘entram no esquema’.
Os equipamentos seriam parte final do plano para assumir o território do jogo do bicho. As máquinas passaram a figurar como protagonistas no lugar das antigas bancas que ficavam em calçadas de ruas da cidade, onde podia ser encontrado o apontador das apostas com facilidade para quem fazia suas apostas.
Agora, o esquema de contravenção estava mais modernizado e mais fácil de ser ‘tirado’ dos olhos da polícia. A operação de apostas e impressão de bilhetes cabia na palma da mão, já que podia ser feita até por aplicativos instalados em celulares.