As cidades de Paranhos e Coronel Sapucaia, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, foram apontadas pelo relatório preliminar do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) como as duas localidades fronteiriças mais violentas do Brasil.
O motivo para a triste posição das duas localidades sul-mato-grossenses nesse ranking é a disputa entre as facções criminosas brasileiras que se instalaram na fronteira do Brasil com o Paraguai. De acordo com o levantamento, proporcionalmente, Paranhos aparece como a mais violenta entre 32 “cidades gêmeas” avaliadas, aquelas que ficam lado a lado na fronteira de países diferentes.
Em 2016, foram registrados 15 homicídios na cidade, no entanto, o município, que tem cerca de 13 mil habitantes, é o que tem a taxa de letalidade mais alta, com 109,7 assassinatos por 100 mil habitantes. O 2º colocado em violência é Coronel Sapucaia, com uma taxa de 67 homicídios por 100 mil habitantes. Em números absolutos, foram 15 homicídios no ano de 2016.
No levantamento que corresponde ao período de 2013 a 2016, a taxa de letalidade aumentou 150% em Paranhos, saltando de seis homicídios em 2013 para os 15, em 2016. No mesmo período, a situação de Coronel Sapucaia melhorou, caindo de 14 assassinatos em 2013 para 10 ocorrências.
A Prefeitura de Paranhos informa que, na maioria dos casos de assassinato, as vítimas não são moradoras da cidade e que muitos homicídios não são esclarecidos. O órgão aponta que essa é a realidade da fronteira e que tanto as autoridades estaduais quanto as federais já estão cientes.
Presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros afirma que o crescente poder das organizações transfronteiriças tem “alimentado a violência e ajudado a armar as facções criminosas”. “Voltamos a alertar que, se não houver uma estratégia política integrada para a fronteira, o problema tende a se agravar, com reflexos para todo o País”, afirmou.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que o Governo Federal está deslocando cerca de 250 agentes da Força Nacional para reforçar a vigilância das fronteiras, além de ampliar o número de policiais federais na região. Nova ação conjunta com a Força Aérea deve ser desencadeada nos próximos dias, mas não detalhou em quais municípios fronteiriços serão feitas as ações.