A fronteira de Corumbá (MS) com a Bolívia é a maior responsável pelo aumento no número de assassinatos na região fronteiriça do Estado neste ano, com 19 vítimas, um número recorde nos últimos cinco anos, segundo dados registrados até o dia 14 deste mês.
Em entrevista à reportagem do Correio do Estado, o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp), Antonio Carlos Videira, revelou que o número de homicídios dolosos não preocupa as autoridades estaduais até o momento, visto que, segundo ele, não houve um aumento uniforme no período.
Porém, Videira afirma que a região de fronteira entre Corumbá e as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez é para onde a atenção das forças policiais sul-mato-grossenses estava voltada nos últimos meses, já que a quantidade de casos de assassinatos foi atípica em comparação com outros anos.
“O que de fato aconteceu foi um exponencial crescimento destes casos na região de Corumbá, motivado por conflitos entre pessoas ligadas a diversos crimes. A situação na região de Corumbá foi contida a partir do mês de agosto e tem se mantido estabilizada”, reforça o secretário ao Correio do Estado.
Segundo dados disponibilizados pela Sejusp, Corumbá foi responsável por 19 dos 75 homicídios dolosos registrados este ano, mais que o dobro do número contabilizado entre janeiro e outubro de 2024, quando foram registrados nove assassinatos. Importante ressaltar que o portal de estatísticas da Sejusp foi atualizado somente até o dia 14 deste mês.
Em comparação com dados de 2021, 2022 e 2023, a cidade atingiu um recorde nos últimos 10 meses, visto que nos anos citados foram catalogados 15, 17 e 18 homicídios dolosos na região de fronteira, respectivamente.
Vale lembrar que ainda falta ser contabilizado o restante deste mês pela Sejusp, abrindo a possibilidade de este ano também ultrapassar as marcas de 2020 e 2019, quando foram 20 e 21 assassinados em Corumbá, respectivamente.
Sobre a “pacificação” conquistada a partir de agosto mencionada por Videira, há controvérsias. Nos cinco primeiros meses deste ano, foram 14 mortos, porém, em junho e julho não houve ocorrências de homicídios.
No mês seguinte houve o retorno de assassinatos na cidade, com quatro vítimas, e, em setembro, ocorreu apenas uma morte. Até o momento, não ocorreram registros neste mês.
Um dos exemplos mais recentes de homicídio doloso em Corumbá ocorreu na tarde do dia 13 de agosto, quando João Farias da Silva, de 53 anos, foi assassinado com tiros na cabeça enquanto aguardava em um ponto de ônibus.
Por meio de imagens de câmeras de segurança, foi possível constatar que um motoqueiro chegou próximo de onde João estava, desceu do veículo e disparou dois tiros contra a vítima.
Diante da cena, o delegado responsável pelo caso acreditava que João e o suspeito se conheciam, visto que a dinâmica do crime aponta para alguma relação entre os dois. Quatro dias depois, Aldo da Silva Paim, de 31 anos, foi preso pela Polícia Civil suspeito de ser o autor do assassinato.
Inclusive, Aldo já era considerado foragido desde o início do ano, quando rompeu a tornozeleira eletrônica que utilizava por decisão judicial, deixando de cumprir as medidas impostas.
