Uma das principais frentes de enfrentamento ao crime organizado em Mato Grosso do Sul terá continuidade pelos próximos dois anos. A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-MS) teve seu acordo de cooperação renovado, garantindo a atuação conjunta de órgãos federais, estaduais e penitenciários no desmonte de facções e redes criminosas.
Documentos oficiais confirmam a prorrogação da parceria entre a Polícia Federal, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e o Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal e Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
O novo plano de trabalho mantém como prioridade a descapitalização de organizações criminosas, com foco em lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armas, roubo de cargas e outros crimes de alto impacto.
A renovação estabelece diretrizes para operações coordenadas e define objetivos como:
- maior integração entre as forças de segurança;
- redução de crimes violentos;
- desarticulação de associações criminosas;
- apreensão e recuperação de ativos ilícitos.
A Polícia Federal seguirá responsável pela coordenação-geral, garantindo comando unificado das ações. Embora o plano destaque metas e expectativas, não apresenta resultados numéricos já alcançados – o foco está na estratégia de continuidade e expansão das operações.
Mesmo com recomendação de evitar novas despesas, a lista de recursos a serem disponibilizados pelos órgãos é extensa, incluindo viaturas, armamentos, munições, equipamentos, tecnologia e estrutura física — sinal do investimento contínuo para sustentar o combate às facções.
Histórico
A trajetória da Ficco-MS é marcada por ofensivas expressivas contra o crime organizado, envolvendo inteligência integrada e ações simultâneas em várias cidades. Entre as operações recentes, estão:
Operação Égide II — dezembro de 2023
Mirou uma quadrilha especializada no tráfico de armas e drogas.
- 5 mandados cumpridos em Campo Grande.
- Investigação apontou envio clandestino de cargas para o Rio de Janeiro.
- Identificada lavagem de dinheiro por meio de investimentos imobiliários na Capital.
Operação Sátrapa — fevereiro de 2024
Apurou crimes cometidos dentro de presídios, incluindo homicídios, tráfico e corrupção de servidores.
- Mandados cumpridos em Dourados, Naviraí, Rio Brilhante e Marília (SP).
- Diretor de presídio afastado e investigados monitorados com tornozeleira.
Operação Camp Over — julho de 2024
Derivada de grande apreensão de drogas.
- Prisão de dois suspeitos.
- Apreensão de armas, veículos, dinheiro e mais entorpecentes.
Operação Heredita Damnare — outubro de 2024
Visou quadrilha especializada em tráfico transnacional de drogas e munições.
- 20 mandados de busca e 15 de prisão preventiva.
- Ações em MS (Campo Grande, Ponta Porã e Dourados), São Paulo e Bahia.
- Mais de 14 toneladas de substância semelhante à maconha apreendidas.
- Sequestro e bloqueio de bens no valor de R$ 5,4 milhões.
- Identificação de esquema com caminhonetes clonadas e empresas de fachada.
Integração
A Senappen tem desempenhado papel decisivo dentro da força-tarefa ao fornecer informações sobre dinâmica criminosa em presídios, organização de lideranças e monitoramento de comunicações ilícitas. A atuação conjunta busca neutralizar o comando de facções tanto dentro quanto fora das unidades prisionais.
Em um cenário de fronteira vulnerável e forte circulação de facções nacionais e internacionais, a Ficco-MS se consolidou como uma das principais estruturas de inteligência e repressão qualificada no Estado.
Sua permanência por mais dois anos é vista como essencial para aprofundar o combate ao tráfico transnacional, ao crime organizado em presídios, à lavagem de dinheiro e a organizações que atuam em múltiplas frentes criminosas.
