Fahd Jamil “driblou” cerco que tinha 2 helicópteros e autoridades. Ele já pode estar no Paraguai. Vai vendo!

Até que a terceira fase da “Operação Omertà” tentou, mas, mesmo com o reforço de dois helicópteros, um da PM (Polícia Militar) e outro da PRF (Polícia Rodoviária Federal), a força policial não conseguiu encontrar e muito menos prender o “padrinho da fronteira” Fahd Georges Jamil, 79 anos.

Uma das hipóteses que estão sendo avaliadas é que o investigado já está no Paraguai. A fronteira seca facilitou essa fuga além da evidente influência de Fahd sobre autoridades do País vizinho.

Na manhã de quinta-feira (18), os policiais civis e militares chegaram a cercar e até a entrar na mansão de Fahd Jamil em Ponta Porã (MS), que imita a casa do astro do rock Elvis Presley, para cumprir o mandado de prisão, mas foi tudo em vão.

O “padrinho da fronteira” teve a prisão decretada por envolvimento com a milícia armada especializada em execuções, que foi totalmente desmanchada em 27 de setembro do ano passado com as prisões dos empresários Jamil Name, 83 anos, e seu filho Jamil Name Filho, 42 anos, o “Jamilzinho”, em Campo Grande (MS).

Um dos filhos de Fahd Jamil, Flávio Correia Jamil Georges, o “Flavinho”, também é procurado. As investigações da “Operação Omertà” indicam que uma das vítimas do grupo criminoso, o sargento PM Martins Figueiredo, executado em Campo Grande, na Avenida Guaicurus, em junho de 2018, estava envolvido no sumiço de Daniel Alvares Georges, o “Danielito”, dado como morto no ano passado.

Fahd Jamil, apesar de já ter tido duas condenações, uma a 22 anos e outra a 12 anos de reclusão, é réu primário, pois, nas duas vezes em que foi imposta pena contra ele, por crimes de tráfico de drogas, associação para o crime, remessa ilegal de valores para o exterior e lavagem de dinheiro, deram em nada, resumidamente.

Os dois processos são de 2005 e 2006, referentes a fatos que, como constou dos processos vinham desde a década de 1990. O responsável pela condenação em primeiro grau é o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, ex-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul. A primeira condenação contra Fahd Jamil, a 22 anos de reclusão, foi anulada pelo TRF 3 (Tribunal Regional da 3ª Região) sob alegação de falta de provas.

A segunda condenação, a 12 anos e 8 meses, foi de 2006 e a pena foi reduzida a 10 anos e, de recurso em recurso, acabou sendo considerada prescrita pelo Tribunal Regional Federal, por se tratar de pessoa com mais de 60 anos. Nesse caso, a prescrição conta pela metade.

Advogado de defesa nas ações, Renê Siufi, confirmou essas informações. Revelou, ainda, não representar mais Fahd. Ele advogada para Jamil Name. A atual defesa do homem procurado não foi localizada. Quando houve a primeira pena, chegou a ser pedido sequestro da mansão de Fahd Jamil.

Se fosse concretizado, ela seria levada a leilão e o dinheiro revertido ao Poder Público para ações de segurança. O réu nunca deixou o imóvel milionário, e como as punições foram revertidas, é, até hoje, “ficha limpa”.  Além da casa na cidade, é dono de uma fazenda, também cercada pela polícia nesta quinta-feira.

Dessa vez, a ação contra Fahd Jamil é por envolvimento em outra atividade criminosa, a de milícia armada especializada em execuções, ocorridas em Campo Grande. As mortes, conforme as denúncias oficiais ocorriam sob chefia de Jamil Name, dono de relações muito próximas com o “capo” da fronteira, incluindo o fato de ele ser padrinho de Jamilzinho.

Na açãoe, além de Fahd, outro nome bastante conhecido é o do ex-presidente da Assembleia Legislativa e atual conselheiro do Tribunal de Contas, Jerson Domingos, preso em fazenda do município de Rio Negro (MS). O político já havia sido incluído na “Operação Omertà”, em março, quando chegou a ser flagrado com arma ilegal, no apartamento no Bairro Royal Park, mas acabou liberado sem fiança, no fim da tarde de 17 de março.

O motivo da segunda etapa era um plano de ataque a responsáveis pela investigação, o delegado Fabio Peró, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), e o promotor Tiago Di Giulio Freira, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado). Havia sido descoberto, segundo informado, diálogo envolvendo Jerson Domingos nesse plano de atentado contra as autoridades.

A ideia criminosa, apontam as investigações, é a mesma que levou à transferência de Jamil Name e do filho para o presídio federal de Mossoró (RN), onde estão desde outubro do ano passado. A trama, divulgou o Gaeco, foi descoberta no CT (Centro de Triagem Anízio Lima), em Campo Grande, onde Name ficou preso logo depois da primeira fase da Omertà.

Nove meses depois de ir às ruas na primeira fase e três meses depois da segunda etapa da “Operação Omertá”, a terceira fase cumpre pelo menos 16 mandados de prisão e em torno de 20 mandados de busca e apreensão. Teve ainda a prisão do delegado de Polícia Civil Mpario Shiro Obara por suspeita de estar dando cobertura ao grupo criminoso em vez de apurar os crimes.

Há citações a ele, nas apurações, como a autoridade da Polícia Civil que receberia R$ 100 mil para apoiar as ações. Um investigador, Célio Rodrigues Ponteiro, apelidado de “Manga Rosa”, também foi parar na prisão. Outro agente de segurança alvo da ação é o sargento da Polícia Militar Rogério Phelippe, que atuava como motorista do deputado estadual Jamilson Name, filho de Jamil Name.

A sobrinha dos Name, Cinthya Name Belli, também foi presa. Ela tinha sido algo de busca e apreensão em março e agora foi presa apontada como gerente da “loteria” Pantanal Cap, que segundo a investigação pertence à família Name, apesar da defesa garantir que não.

Benevides Cândido Pereira, o “Benê” e Lucimar Calixto Ribeiro, conhecido como “Mazinho”, também foram levados para o Garras. A lista tem ainda o policial federal Everaldo Monteiro de Assis, que já está preso, o policial civil Frederico Maldonado de Arruda, o “Fred”, também encarcerado, Lucas Silva Costa, o “Lukinhas”, alvo da ação de março, Marco Monteoliva e Melciades Aldana, apelidado de “Mariscal”.

O Gaeco, que comanda a ação, ainda não divulgou os motivos para as prisões e buscas. A operação teve apoio da Polícia Militar, por meio de três unidades (Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Especiais) e Dof (Departamento de Operações de Fronteira).