E o Bernal? Foi-se mas deixou rastro e vira réu por ignorar decisão em obra de córregos na Capital

E agora Bernal? O ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP) sofreu um novo revés na Justiça e tornou-se réu em ação proposta pelo MPE (Ministério Público Estadual) por descumprir decisão judicial que determinou adoção de medidas de mitigação de impactos ambientais nas obras de canalização da confluência dos córregos Sóter e Prosa, nos limites do Parque das Nações Indígenas.

O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, aceitou a denúncia, que inclui ainda o ex-secretário municipal de Obras Semy Ferraz. A decisão ignorada é de 2008 e condenou o município por irregularidades nas obras de canalização da confluência dos dois córregos e as intervenções foram feitas sem a elaboração de estudos de impactos ambientais.

De lá para cá, o Ministério Público vem tentando fazer cumprir a sentença, que, entre outras ações, determinou a construção de gabião em todo o trecho canalizado; manutenção, dragagem e limpeza periódica das vegetações nos leitos dos córregos; eliminação de esgoto clandestino; plantio de árvores nas margens; e eliminação de ponto de alagamento.

Em outubro de 2013, já durante a gestão Bernal, a Justiça deu 180 dias para comprovação da adoção de todas as medidas pela prefeitura. Mas o então prefeito e secretário de Obras, mesmo intimados pessoalmente, não se manifestaram. A Justiça comunicou o Ministério Público sobre o descumprimento da decisão em 2015. Então, a 31ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de Campo Grande decidiu instaurar inquérito para apurar um possível ato de improbidade praticado por Alcides Bernal e Semy Ferraz.

A inércia ainda gerou, também em 2015, uma ocorrência policial para apurar crime de desobediência, que culminou em um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Passados dois anos, a punição a Alcides Bernal e Semy Ferraz foi extinta por prescrição.

O MPE ingressou com a ação por improbidade em janeiro de 2019, alegando que o ex-prefeito e o ex-secretário “acintosamente, deixaram de cumprir a determinação judicial, tampouco apresentaram justificativa plausível para não cumpri-la, simplesmente deixando transcorrer anos sem a adoção de qualquer providência”.

Semy Ferraz se defendeu nos autos, dizendo que tomou todas as medidas a seu alcance para o cumprimento da ordem judicial. Já Alcides Bernal justificou que parte da decisão de 2008 foi cumprida e que o MPMS não conseguiu provar a suposta improbidade administrativa. Em decisão, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa admitiu a denúncia do MPMS, pois viu “indícios da prática de ato de improbidade”. O magistrado ainda pontuou que Bernal e Ferraz vão precisar provar que não pouparam esforços para fazer cumprir a decisão sobre as obras de canalização dos córregos Sóter e Prosa.

A Justiça deu 15 dias para manifestação dos agora réus por improbidade. Depois, será a vez do Ministério Público se posicionar sobre as defesas de Bernal e Ferraz. A decisão foi publicada na edição de hoje (22) do Diário da Justiça Eletrônico. Com informações do site Midiamax