E a guerra continua: Execução de irmão de Pavão mostra o surgimento de novo chefão do crime na fronteira

A execução de Ronny Chimenes Pavão, irmão mais novo do narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, em Ponta Porã (MS), mostra o surgimento de um novo “chefão” do crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Trata-se do ex Polícia Militar Adair José Belo, 46 anos, que era chefe de segurança de outro traficante, Irineu Domingos Soligo, o “Pingo”, e trabalhava para o chefão Jorge Rafaat Tounami, que foi executado, em uma operação cinematográfica, em junho do ano passado, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

O novo chefão do crime Adair Belo é o principal suspeito do assassinato de Ronny Chimenes Pavão e seria o responsável pelo tráfico de cocaína da Bolívia para São Paulo. Ele é natural do Paraná e foi soldado da PM em Mato Grosso do Sul, mas, em 1994, desertou do cargo, após executar, a mando de traficantes, um sargento da PM.

Preso um ano depois, se tornou testemunha da Justiça para mapear o tráfico de drogas na região do Conesul. Anos depois, foi solto e voltou a trabalhar no narcotráfico. Belo é foragido da Justiça e para transitar pelos países estaria usando o nome do irmão, Altair Jorge Belo, cuja mulher, a brasileira Josiane Vanessa Zilio, 32 anos, foi executada a tiros de fuzil no dia 31 de agosto de 2016.

A mulher estava grávida e teria morrido por se envolver com traficantes rivais. De acordo com autoridades no combate ao crime, Belo foi pistoleiro de Rafaat e coordenador do envio de cocaína vinda da Bolívia para o interior de São Paulo. Preso em 2012, em um sítio em Batayporã, fugiu do Centro de Triagem, em Campo Grande, pela porta da frente. Sua fuga gerou investigação e demissão de servidores da Agepen.

Ele tenta reunir outras quadrilhas da região na guerra contra o PCC, principalmente após o início das rebeliões de presos em vários locais do País, que tornou a quadrilha paulista o “inimigo a ser batido” pelas organizações criminosas locais. Além de traficantes paraguaios, Belo recrutou apoio de quadrilhas de Santa Catarina, Mato Grosso e Bolívia. O paranaense é tido como um homem de extrema periculosidade e frieza, que após a execução de Rafaat, desapareceu do mapa sem deixar rastro mas que contaria com o apoio de algumas autoridades para transitar sem problemas pela região.

Crime relacionado

O ministro da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Hugo Vera, disse que a morte do irmão Jarvis Pavão está diretamente relacionada com a morte de Jorge Rafaat e a necessidade de um novo chefão para preencher a vaga deixada pelo falecido narcotraficante e contrabandista.

O chefe da Senad lembrou que, com a morte de Rafaat, se abriu uma vaga disputada pelas facções criminosas. “É muito comum que essas organizações criminosas matem membros da família”, disse, referindo-se ao assassinato de Ronny Chimenes Pavão, que ocorreu em Ponta Porã.

Ele disse que pessoas ligadas a Rafaat ainda têm muitos interesses na área de fronteira, de modo que esses crimes devem continuar. “A morte de Ronny é fruto da rivalidade dessas facções e figuras emergentes que querem preencher essas vagas”, analisou.

A esse respeito, o presidente do Senado, Roberto Acevedo, que sabe o que acontece na área de fronteira do país, manteve-se cauteloso sobre a morte de Ronny Pavão, e disse que era vingança, mas claramente não teria como alvo o grupo criminoso. “Por mais que se ouve comentários, é difícil falar sobre por causa do perigo que representa, em termos gerais, se posso dizer que a área de fronteira e ao redor do Amambay é um lugar onde o crime organizado tem domínio”, disse o presidente Congresso.

“Pedro Juan Caballero é sempre perigoso quando você ainda precisa ter medo, porque é uma cidade que é hoje dominada pelo crime organizado e grupos no Brasil está tranquila”, disse ele, embora tenha reconhecido que este tem o selo da vingança grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas.

Estes “confrontos ou problemas de tráfego, sempre resultam em ajustes deste tipo, são lamentavelmente como normal para a população que eles veem como um show”, disse ele. “Não há ninguém sabe o que acontece, fomos invadidos por pessoas de todos os grupos no Brasil, além das instalações e estavam sempre Pedro Juan, então é difícil apontar para um específico”.

“As razões que os levam a fazer esses crimes são as coisas entre eles que nunca podem ser conhecidas”, disse à ABC Cardinal sendo insistiu na possibilidade de que ele é uma vingança tardia pela morte de Jorge Rafaat, outro nome ligado ao tráfico de droga em a fronteira.