Durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado ontem (18), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, reconheceu que o controle absoluto do crime nas fronteiras de Mato Grosso do Sul com a Bolívia e o Paraguai é impossível.
Ao presidente da CPI, senador Fabiano Contarato (PT- ES), o diretor da PF lembrou que o Brasil tem 17 mil quilômetros de fronteira, sendo 3,4 mil quilômetros apenas com a Bolívia. Em contraponto, ele disse que os Estados Unidos tem 3,1 mil quilômetros de fronteira com o México. “Então, os Estados Unidos e o México têm uma fronteira menor que a nossa fronteira”, pontuou.
Logo, explicou, “é uma utopia achar que a gente vai ter um controle absoluto”. Em seguida, completou afirmando que não conhece “país nenhum do mundo que tenha controle absoluto das suas fronteiras”.
No entanto, destacou que existe a possibilidade de melhorar o controle das fronteiras, incluindo as de Mato Grosso do Sul. “Nós temos que ter um maior controle, entendo que nós temos um controle bom. Temos que ter um maior controle, sempre há oportunidades de melhoria”, confessou.
Para isso, citou investimento em tecnologias como necessidade para combate ao crime nas fronteiras. Além disso, informou que os trabalhos de combate acontecem em formato aéreo. “Paraná, Mato Grosso do Sul e Amazonas, onde nós já temos essas bases”, disse.
Rodrigues apontou o trabalho da Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), que atua inclusive em Mato Grosso do Sul. “São uma iniciativa de fronteira, que seria um valor baixo, de cerca de 50 milhões, e mais outros de fronteira nacional; dá em torno de R$ 800 milhões”, detalhou.
Então, disse que o investimento poderia trazer ação imediata nas Ficcos. “São investimentos em tecnologia, investimentos em equipamentos”, exemplificou.
“Como nós estamos fazendo, inclusive, com parceria com o Estado do Mato Grosso do Sul, com o Estado do Paraná, nas regiões de fronteira, no Projeto Mitra”, destacou o diretor-geral da PF.
Ademais, ressaltou acordo da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) com a PF, para fortalecer o projeto de segurança pública nas fronteiras. Em 6 de novembro, as partes firmaram o ACT (Acordo de Cooperação Técnica) para estabelecer soluções baseadas em IoT (Internet das Coisas) e IA (Inteligência Artificial).
Portanto, o Projeto Mitra terá investimento de cerca de R$ 3 milhões para Mato Grosso do Sul e outros três estados. São eles: Mato Grosso, Amazonas e Roraima.
“Vai muito além de câmeras de reconhecimento facial. É de fato um sistema integrando bases de dados, bancos de dados, inclusive, o CNMP, o Banco Nacional de Mandados de Prisão, em que nós fazemos imediatamente esses cruzamentos de dados”, detalhou na oitiva.
