O descaso da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), com os idosos tem aumentado nos últimos meses e, depois do CCI (Centro de Convivência do Idoso) Vovó Ziza, agora é a vez do CCI Piratininga também ser afetado. Conforme denúncias dos próprios idosos, o que deveria ser um espaço de socialização e atividades para a terceira idade, vive uma crise de desorganização e abandono.
Em denúncias anônimas elas relatam falta de professores, ausência de coordenação, interrupção nas atividades e descaso com os idosos. “Sou frequentadora do CCI Piratininga e está uma bagunça no local. Falta organização. Não tem coordenador. Quem coordena é uma idosa. Os professores faltam muito, não cumprem horário e, quando perguntamos onde estão, dizem que estão de atestado. Pelo jeito, é uma epidemia de doença”, desabafou uma idosa.
De acordo com o relato, as aulas e atividades do centro praticamente pararam. Professores não estariam cumprindo carga horária, e alguns sequer comparecem. Quando vão, segundo as idosas, passam o tempo no celular e não dão atenção aos alunos. “Estamos cansados de reclamar e ninguém faz nada. Antes tinha professores que trabalhavam todos os dias, agora é uma bagunça. O CCI Piratininga já foi muito bom, agora a qualidade está péssima. Não tem coordenador, não tem professores, não tem uso da piscina, não tem nada. Nosso lugar de gente feliz acabou”, contou outra frequentadora.
O coordenador citado nas denúncias é Douglas Alves, no cargo desde que o antigo coordenador, o pastor Jorge Luís Franco, foi exonerado do cargo em fevereiro, conforme publicação no Diário Oficial de Campo Grande. As denúncias apontam que o coordenador raramente comparece ao local, deixando o centro “sem comando”. A ausência da gestão e dos servidores teria comprometido completamente o atendimento aos idosos, que dependem das atividades oferecidas pela unidade.
A insatisfação entre os idosos é evidente. Nas falas enviadas à reportagem, há críticas diretas à postura dos servidores e à falta de compromisso da gestão. “Os professores trabalham quando querem, a hora que querem. Recebem sem trabalhar. A desculpa é sempre atestado médico. Quando não é um, é outro. Estão mesmo doentes ou é cabide de emprego? Que falta de respeito é essa com a gente, idosos, que pagamos impostos a vida toda?”, questionou mais uma idosa.
Ainda segundo as reclamações, não há substituição quando um professor falta, e o cronograma de atividades, antes fixo, teria sido abandonado. A situação de abandono contrasta com o investimento recente feito pela Prefeitura de Campo Grande no CCI Piratininga. Em 2024, o município contratou uma empresa para instalar uma piscina e construir vestiários para hidroginástica, em um projeto que custou quase R$ 400 mil aos cofres públicos.
O contrato foi firmado entre a prefeitura e a empresa Rogol Comércio e Serviços Ltda, e previa a instalação de uma piscina de fibra modelo Bali (4x8m), com casa de máquinas, vestiários masculino e feminino, banheiros adaptados e cobertura metálica. A obra foi anunciada como uma melhoria para ampliar as atividades físicas voltadas aos idosos. Entretanto, segundo as denúncias, a piscina não está sendo utilizada. “Não tem uso da piscina, não tem nada”, diz o relato. A estrutura, que deveria beneficiar centenas de frequentadores, estaria parada junto com as demais atividades.
O CCI Piratininga é vinculado à SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), responsável pelos Centros de Convivência da capital. O local atende dezenas de idosos com atividades de lazer, convivência e cursos, mas agora enfrenta uma paralisia institucional, segundo as denúncias. Frequentadores afirmam que, na prática, quem tenta organizar as atividades é uma idosa voluntária, sem função oficial. “Não tem coordenador, quem faz as coisas é uma senhora que tenta ajudar”, relatou uma usuária.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para questionar as denúncias sobre o abandono do CCI Piratininga, que negou todas as acusações. A SAS informa que as denúncias sobre abandono e desorganização da unidade, incluindo falta de profissionais, não procedem. “Ressaltamos que o quadro de servidores está completo e adequado à capacidade da estrutura física do espaço”, disse por meio de nota.
Ainda conforme a SAS, atualmente, a execução do serviço de convivência do CCI, conta com dois educadores, um professor de educação física, que atua de segunda a sexta-feira, e um facilitador de violão, com aulas semanais. “Todas as atividades estão sendo realizadas conforme planejamento da equipe multiprofissional do CCI, em conjunto com a Superintendência de Proteção Social Especial da SAS”, garantiu.
A SAS ainda disse que a informação sobre ausência de coordenação também é inverídica. “O coordenador cumpre regularmente sua jornada de 40 horas semanais, ausentando-se apenas quando participa de reuniões institucionais na sede da SAS. Reforçamos que a unidade recebe visitas frequentes de órgãos de controle, como o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI), que esteve na unidade no mês passado para verificar a metodologia de atendimento e as condições da estrutura física. Importante destacar que nenhuma irregularidade foi identificada após a visita”, trouxe a nota.
Segundo a SAS, no início deste ano, o CCI passou por reformas estruturais para garantir acessibilidade total aos idosos, com destaque para a instalação de rampa de acesso à piscina e vestiários com banheiros adaptados. Com infos Top Mídia