Denúncia na CPI do ônibus acusa prefeita Adriane Lopes de “pedalada fiscal” com verba de agências

Após acompanhar os últimos depoimentos da CPI do Ônibus, aberta pela Câmara Municipal para investigar o transporte coletivo urbano de Campo Grande, o ex-prefeito da Capital e agora vereador Marquinhos Trad (PDT) disse que enxergou que a prefeita Adriane Lopes (PP) cometeu pedalada fiscal com recursos das agências municipais.

A relatora da CPI do Ônibus, vereadora Ana Portela (PL), adiantou que pelo menos duas pessoas serão indiciadas ao fim dos trabalhos do grupo. A declaração dela acabou provocando um embate entre o vereador Maicon Nogueira (PP) e Marquinhos Trad.

O progressista lembrou que o ex-chefe do Paço Municipal utilizou receitas ‘carimbadas’ da Agereg e da Agetran (Agência de Transporte e Trânsito) para cobrir despesas diversas da Prefeitura Municipal, entretanto, Marquinhos inverteu a situação e acabou revelando o que chamou de “pedalada” da atual chefe do Executivo.

Em junho de 2017, com as contas fechando no vermelho, o então prefeito Marquinhos emitiu um decreto que autorizou que parte dos recursos com destinação específica, as chamadas ‘verbas carimbadas’, poderiam ser utilizados para reforçar o caixa e cobrir despesas gerais da prefeitura, como pagamento de salários, até dezembro de 2023.

O dinheiro arrecadado com a Cosip (Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública), que só poderia ser investido na iluminação pública da Capital, por exemplo, poderia ter 30% realocado. A mesma fatia de receitas recolhidas pela Agetran e Agereg também entrava no bolo de alterações orçamentárias.

A medida foi possível graças a uma emenda à Constituição aprovada no Congresso Nacional e sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, que autorizou a desvinculação de receitas de estados e municípios (DREM) até o fim de 2023.

O vereador Maicon Nogueira, integrante da CPI, alegou que os 30% retirados das agências contribuíram para o sucateamento e falta de investimentos nas mesmas. Por outro lado, Marquinhos Trad, que tem acompanhado quase todas as sessões da comissão, lembrou que o Congresso autorizou a manobra contábil, mas que tinha uma data limite para tanto.

Porém, Adriane Lopes estaria utilizando essa verba ‘carimbada’ para outras finalidades, sem previsão legal, o que poderia configurar uma “pedalada”. O embate ocorreu durante o depoimento do diretor de fiscalização e auditoria contábil da Agereg, José Corsine da Silva.

Marquinhos questionou o depoente se a prefeita Adriane ainda tem utilizado os 30% de recursos da Agetran e Agereg para outras finalidades e José Corsine respondeu afirmativamente.

“A DREM, a desvinculação de receitas, aplicado por 99% de estados e municípios, foi através da Emenda Constitucional 93 de 2016. A DREM foi na época da Dilma e teve um prazo. E pela emenda constitucional só poderia ser feita por decreto”, explicou Marquinhos, que ainda disse que o limite era 31 de março de 2023. Após a resposta afirmativa de que a desvinculação de receita prosseguia, o ex-prefeito declarou.

“Taí a maior prova de pedalada pública que Campo Grande confessa agora. A DREM, a utilização de 30%, bem lembrado pelo vereador Maicon, continua sendo retirada os 30% da receita”, brandou Marquinhos Trad para os presentes na CPI do Ônibus.