Durante depoimento no 2º dia do júri popular do empresário campo-grandense Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, pela execução do acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier, em abril de 2019, o delegado de Polícia Civil João Paulo Sartori, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), afirmou que o verdadeiro alvo do atentado era o ex-capitão PM Paulo Roberto Teixeira Xavier, o “PX”, e os pistoleiros que cometeram o crime foram os mesmos do assassinato de Marcel Costa Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”.
“Durante os primeiros depoimentos já ficou claro que o crime era para matar Paulo Xavier e não o filho Matheus”, declarou o delegado, informando que, com o avanço das apurações, a Polícia Civil chegou aos pistoleiros Juanil e Zezinho como executores do crime que tinha como foco PX. O rastreio da tornozeleira de Zezinho foi crucial para a investigação. “A execução de Matheus aconteceu a mando de Jamil Name e de Jamilzinho por um conflito fundiário”, afirmou João Paulo Sartori.
Ele lembrou que Eliane Benitez Batalha dos Santos, ex-mulher do ex-guarda civil Marcelo Rios, revelou em depoimento que o marido estava ruim diante da organização porque deveria contratar pistoleiros e contratou os mesmos de outros crimes. Conforme o delegado, essa foi a prova que Juanil, assassino de Matheus, matou também Marcel Colombo. O pistoleiro monitorava as redes sociais do empresário. No dia da morte, o “Playboy da Mansão” fez check-in em uma cachaçaria da Capital, na Avenida Fernando Corrêa. Na investigação, ficou comprovado também que ele pesquisou, nesse mesmo dia, como chegar ao local.
Outro ponto crucial para as investigações foi a descoberta do arsenal na casa do guarda municipal Marcelo Rios. “Na casa, foram encontrados dois fuzis do mesmo calibre que matou o Matheus. É importante destacar que a arma que matou Matheus nunca apareceu”, destacou João Paulo Sartori. “Não seria racional uma organização criminosa guarda uma arma suja de sangue”, argumentou o policial.
O delegado destacou que a organização tinha como tônica queimar possíveis provas do crime, como carros e usar celular “bombinha”, para trocar com frequência. “Observamos que a tônica da organização criminosa é a queima de armas para eliminar provas, excluíam as redes sociais e trocavam de celular com muita frequência”, explicou.
Antes de concluir, João Paulo Sartori foi questionado pelos jurados se tem alguma prova que mostre que Joanildo foi um dos pistoleiros que matou Matheus, se frequentava a casa dos Name, ou se sempre foi mediado por terceiros. “A organização criminosa funcionava em estrutura de pirâmide, então sempre tinha terceiros fazendo as mediações. Encontramos um extrato bancário na casa de Joanildo de uma empresa da família Name”, relatou.
O juiz Aluízio Pereira dos Santos questionou também se os pistoleiros Juanil e Zezinho tinham relação direta com a família Name. “Não tinha relação. Quem está na base da pirâmide não tem contato com quem controla esse tipo de organização criminosa”, disse o delegado. A defesa do ex-guarda civil Marcelo Rios desistiu de convocar o ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, o “Orlando Curirica”, como testemunha a seu favor. O depoimento estava previsto para a tarde desta terça, por videoconferência, da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), onde está preso.
Os advogados de Jamilzinho também abriram mão dos testemunhos do psiquiatra Leonardo Fabrício Gomes Soares e de Eliane Benitez Batalha dos Santos, ex-mulher de Marcelo Rios. No entanto, ela depõe nesta tarde a favor do ex-marido. Ainda no período da manhã, foi ouvido o depoimento de Wagner Louro da Rocha, cunhado e testemunha de defesa do policial aposentado Vladenilson Olmedo.
No relato, que durou menos de cinco minutos, o cunhado de Vladenilson disse que o policial foi trabalhar com os Name após a aposentadoria. Ele prestava serviço como secretário para dar assistência a seus irmãos e sua mãe, que tem hoje 84 anos, cadeirante e precisa de cuidados especiais. O advogado de Vladenilson questionou Wagner sobre a relação do réu com a fronteira com o Paraguai.
“A mãe de Vlad mora em Ponta Porã, por isso, a cada 15 dias ele ia para a cidade. A mãe de Vlad é cadeirante e tem mais de 80 anos, por isso ele estava sempre na cidade”, respondeu a testemunha. Rocha disse ainda que conheceu o réu há cerca de 30 anos. No dia do crime, 9 de abril de 2019, alega que estava junto com Olmedo, em Ponta Porã. “Dia 8 foi meu aniversário, ele foi almoçar comigo”, relembrou e disse que o cunhado estava tranquilo.
O policial civil aposentado Mário Cesar Velasque Ale também prestou depoimento na defesa de Vladenilson Daniel Olmedo. Ambos trabalharam juntos na Polícia Civil. A testemunha contou que os dois estavam em Ponta Porã no dia 9 de abril de 2019, quando o estudante foi assassinado em Campo Grande. Segundo ele, o colega foi para cidade comemorar o aniversário do cunhado. A testemunha disse que Olmedo soube da morte do rapaz por intermédio de advogada, amiga em comum com o ex-policial Paulo Roberto Teixeira Xavier. O promotor de Justiça Moisés Casarotto perguntou se Mário César Ale trabalhou na Pantanal Cap, informação confirmada pela testemunha. Esta função durou seis meses. Com informações do site O Jacaré