Delegado de Ponta Porã é afastado do cargo depois de denúncias de propina paga por bandidos

A investida de autoridades no sistema da Polícia Civil em Ponta Porã, cidade vizinha da paraguaia Pedro Juan Caballero, pode explica a mais fácil incursão de traficantes na região. O delegado de po da 2º delegacia de Ponta Porã, Patrick Linares, foi afastado nesta terça-feira (26), depois da deflagração da Operação Codicia, que investe contra policiais que estariam recebendo propinas para não coibirem vários tipos de crimes.

Na publicação do Diário Oficial, ficou determinado que o delegado está afastado compulsoriamente de suas funções, pelo prazo em que perdurar a medida imposta pela justiça, determinando o recolhimento das armas, carteira funcional e demais pertences do patrimônio público do referido policial.

O delegado também teve a suspensão de suas senhas e logins de acesso aos bancos de dados da instituição policial, suspensão de férias e avaliação para fins de promoção, caso tais medidas ainda não tenham sido adotadas.

A suspensão foi assassinada pelo delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Márcio Rogério Faria Custódio. O grupo chegou a cobrar R$ 20 mil de um casal, que teve o caminhão furtado no Rio de Janeiro, para a restituição após a recuperação do veículo pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).

As investigações começaram em 2021. Em depoimento, as vítimas dos policiais contaram que, no dia 5 de abril de 2021, o caminhão Scania em que estava acoplada a carreta foi roubado de Queimados, no Rio de Janeiro.

Já no dia 6 de abril, equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal)  em fiscalização em Ponta Porã encontraram e recuperaram o veículo entrando em contato com as vítimas para comunicar o fato. O casal, então, foi até Ponta Porã.

No trajeto, segundo o relatório do Ministério Público, pararam em posto policial no estado do Paraná e foram orientados a procurarem em Ponta Porã a policial aposentada, alvo da  operação, que iria ajudar na restituição do caminhão.

As vítimas, então, entraram em contato com a policial pelo WhatsApp, e ela indicou que fossem até a 2ª Delegacia de polícia e procurassem o escrivão também alvo da operação. Já na delegacia, no dia 8 de abril, o casal foi recepcionado por outro policial e, posteriormente, o segundo alvo da operação passou a atendê-los, como também o investigador de polícia aposentado.

Segundo as vítimas, o escrivão na presença do investigador aposentado comunicou que a carreta seria liberada apenas por meio de um ‘agrado’ para o delegado. Com isso, o casal informou que tinha apenas R$ 300 disponíveis, já que teria gasto com a viagem. À declaração, o escrivão reagiu com desdém e disse que com tal valor não levariam nem as chaves do caminhão.

Então, o escrivão saiu da sala e disse que iria conversar com o delegado. Ao retornar, afirmou que o veículo somente seria restituído mediante o pagamento de R$ 20 mil. Assustadas, as vítimas contaram que tinham naquele momento R$ 4 mil, que seriam usados para as despesas da viagem e para a aquisição de alguns itens do trator/carreta, necessários para o deslocamento.

O escrivão achou a quantia baixa, e com isso, a vítima informou que somente lhe restava na conta R$ 1 mil, quando foi orientada a fazer um Pix do montante na conta dele e deixar o restante do dinheiro em cima da mesa, o que foi atendido.

Segundo as vítimas, enquanto aguardavam o encaminhamento dos documentos necessários à liberação do veículo, passaram a observar que outros servidores desfilavam na delegacia conduzindo caixas de cerveja, carnes e utensílios para realização de churrasco, para dentro das repartições levando-as a crer que haviam utilizado parte do dinheiro deixado sobre a mesa do escrivão para adquirirem aqueles produtos e que ali realizariam uma festa.

Após as vítimas terem retornado para sua cidade, receberam do escrivão por WhatsApp uma imagem com os dizeres: “Qualquer pessoa que nunca cometeu um erro, nunca tentou nada de novo”. A mensagem foi interpretada como uma ameaça com o fim de manterem o silêncio sobre os fatos