Delegada “surta” em reunião e ataca a polícia. DGPC classifica atitude de “leviana” e premeditada.

A DGPC (Diretoria Geral da Polícia Civil) classificou como leviana e repudiou a declaração da delegada de Polícia Civil Daniela Kades, que gravou reunião interna em que se recusou a revelar ao chefe a identidade de criminosos investigados pela “Operação Omertà” sob justificativa de que “não confiava na Polícia”.

Em nota oficial, o delegado-geral da Polícia Civil, Adriano Garcia, disse, sobre a matéria publicada no site Campo Grande News sobre o áudio da delegada, que, “diferentemente do que sugere a matéria e a afirmação leviana da Delegada, a Polícia Civil do Estado de Mato Grosso do Sul confia integralmente em seus membros”.

No texto, ele afirma que as imagens foram feitas no mês passado em encontro sigiloso para tratar o combate ao crime organizado e repudiou a gravação e divulgação à imprensa. “O áudio divulgado trata-se de um recorte, não revelando o início e o final da reunião, cuja íntegra por certo demonstraria o que de fato ocorreu”, comentou, informando que a reunião polêmica virou objeto de investigação da Corregedoria Geral de Polícia Civil e, no entendimento da DGPC, o caso “trata-se de possível violação aos princípios basilares da hierarquia e disciplina que regem as instituições policiais de todo o País”.

Entenda o caso

Depois de recusar a citar nomes de investigados na reunião, a delegada Daniela Kades afirmou que “não confia na polícia”, se referindo à série de denúncias de corrupção dentro dos órgãos de segurança pública feita pela própria força-tarefa da Operação Omertá. Agentes da Polícia Civil (investigadores e delegados), guardas municipais, policiais militares e policial federal foram presos nas ações.

Em áudio obtido pelo site Campo Grande News, é possível ouvir que o começo da discussão se refere justamente as consequências das investigações que, em 2019, desarticulou o grupo criminoso apontado como responsável por pelo menos sete execuções na Capital. Na época, as ações revelaram que os empresários campo-grandenses Jamil Name e o filho, Jamil Name Filho, mais conhecido como “Jamilzinho”, comandavam a quadrilha.

Adriano Garcia reclama que existem vários criminosos de fora do Estado em ação, que ele não tem conhecimento. A delegada, que participa diretamente da investigação, responde que a situação não é bem aquela. Inicialmente, Kades fala que “grupos” citados pelo chefe não são de fora de Mato Grosso do Sul. É neste momento, que ela revela não confiar o suficiente nas pessoas presentes para detalhar o assunto.

“Eu não vou falar o nome das pessoas”, afirma Kades. “Por quê?”, questiono o delegado-geral da Polícia Civil. “Porque eu não confio na Polícia”, respondeu ela. “Se não vai por bem, vai na dor. Aí a gente põe hierarquia, porque é muito triste você dizer que não confia”, declarou Adriano Garcia.

Veja a nota da DGPC na íntegra!

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