Decon recolhe 4,8 toneladas de carne estragada em empresa que fornece merenda a escolas públicas da Capital

Uma equipe da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) apreendeu, ontem (23), 4.829 quilos de carne estragada, a maioria do tipo charque, além de 570 dúzias de ovos sem origem, da empresa Embutidos Tradição Eirelli, localizada na Rua Veridiana, Bairro Atlântico Sul, em Campo Grande (MS).

O flagrante foi acompanhado por fiscais da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) e do CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária). O responsável pela empresa fugiu quando a Polícia Civil chegou e acionou os advogados que foram até o local, mas não quiseram falar com a imprensa.

No local, tinha uma sala de manipulação da carne e duas câmaras frias, uma delas já inspecionada. A carne apreendida estava com larvas e foi considerada totalmente imprópria para o consumo, por isso, será descartada.

O homem usava registro de duas empresas para distribuir merenda a escolas públicas da Capital e do Estado e falsificava o registro de inspeção federal. Os alvarás do local estavam todos vencidos.

Os funcionários que estavam na empresa colaboraram com a operação e ajudaram a colocar todo o material apreendido nos caminhões. As carnes eram embaladas com rótulos falsos, em nome de empresas do Mato Grosso e de São Paulo.

Mais uma empresa

Funcionando no mesmo local da empresa Embutidos Tradição Eirelli, onde foram apreendidas as cinco toneladas de carne estragada, a JPM Comércio Atacadista e Serviços Eireli também foi lacrada pela Polícia Civil. Essa empresa tem contratos com a Prefeitura de Campo Grande até julho de 2023.

De acordo com o Portal da Transparência da Capital, a JPM tem nove contratos vigentes com o Município, apenas um deles encerrando ainda em outubro de 2022 no valor de R$ 525 mil para aquisição de ovos para a Semed (Secretaria Municipal de Educação).

Os outros oito vencem entre janeiro e julho de 2023. O primeiro no valor de R$ 358.982,09 para aquisição de alimentação escolar. Em fevereiro vence o contrato de maior valor, ao todo R$ 7.869.723,52, para aquisição de proteínas congeladas para a Semed e a SAS (Secretaria de Assistência Social).

Em abril vencem dois contratos, sendo o primeiro no dia 4 no valor de R$ 1.100.261,50 e o segundo dia 20 de R$ 2.595.789,60, para fornecimento de gêneros alimentícios e proteínas congeladas.

No mês de junho vencem três contratos, de R$ 25.350 para aquisição de ovos e no valor de R$ 1.504.056,45 para aquisição de carne bovina, o primeiro para o Fundo Municipal de Assistência Social vencendo dia 24 e o segundo para a Semed terminando dia13.

Dia 14 do mesmo mês encerra o contrato no valor de R$ 787.860,20, para aquisição de ovos. E o último encerra dia 25 de julho com valor de R$ 513.975. Ao todo, os contratos chegam a R$ 15.180.998,36.

Já a empresa Embutidos Tradição Eirelli manteve contratos com a Prefeitura até 2017. No Diário Oficial do dia 13 de maio deste ano, consta uma notificação extrajudicial para os dois locais sobre instauração de procedimento administrativo para eventual apuração de responsabilidade e eventual aplicação de pena.

No Portal da Transparência do Governo do Estado a empresa Embutidos Tradição também forneceu alimentos para as escolas estaduais até 2018. Sobre a JPM, Diário Oficial do Estado publicado no dia 15 deste mês, foi publicado o resultado de uma licitação no valor de R$ 28.243,50 para fornecer alimentação para a Escola Estadual Professora Thereza Noronha de Carvalho, em Campo Grande.

Apesar dos contratos publicados em Diário Oficial, a Secretaria Municipal de Educação garante que “os itens industrializados são minuciosamente verificados, sem qualquer ocorrência de envio de produtos com prazo de validade expirado. Além disso, caso algum produto tenha qualquer tipo de problema em relação a qualidade, ele é imediatamente devolvido para o produtor – no caso de itens da agricultura familiar – ou para a SUALE que faz a devolução ao fornecedor, para a troca do mesmo. Em nenhuma hipótese os alunos consomem alimentos impróprios ou sem qualidade”. Com informações do site Campo Grande News