CPI suspeita de déficit alegado pelo Consórcio Guaicuru e deve pedir auditoria. Será que vai?

A vereador Ana Portela (PL), relatora da CPI do Ônibus, criada pela Câmara Municipal para investigar o transporte coletivo urbano de Campo Grande (MS), suspeita do déficit alegado pelo Consórcio Guaicurus depois de analisar o fluxo de caixa dos últimos cinco anos do grupo.

Diante disso, ela apontou para a necessidade de abertura de uma perícia para atestar os dados apresentados. “Nós vamos analisar esses documentos enviados para entender a situação financeira da empresa e também para ver se está tendo realmente esse desequilíbrio financeiro que eles tanto apontam. Acho que a gente tem que analisar com cuidado esse documento. Eu, como relatora, vou pedir sim a abertura de uma perícia que ateste a situação financeira do consórcio Guaicurus”, prometeu.

O Consórcio Guaicurus briga na Justiça para tentar provar que opera com déficit. Uma primeira perícia já teria apontado que o grupo de cinco empresas teve lucro líquido de R$ 68,5 milhões e diversos descumprimentos contratuais por parte do Consórcio, como manter ônibus velhos nas ruas e frota menor que o determinado. Enquanto isso, a população é obrigada a pagar por um serviço caro e sucateado.

“Não existe empresa no mundo que fique em seu pleno funcionamento tendo anos de prejuízo. Essa é uma matemática que realmente não bate. É só no Consórcio Guaicurus que a gente vê isso”, avaliou a vereadora.

Após uma primeira perícia determinada pela Justiça desmontar a tese de dificuldades econômicas sustentada pelos empresários do Consórcio Guaicurus, a concessionária pediu autorização para contratar outra perícia. Para isso, vai pagar R$ 272 mil por um novo laudo, que deve ficar pronta até 14 de julho deste ano.

A contratação ocorreu após o laudo anterior não corroborar a justificativa do Consórcio Guaicurus em manter ônibus velhos nas ruas e pedir cada vez mais dinheiro do poder público. Em oitiva da CPI, em 5 de maio, o atual diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), José Mario Nunes da Silva, alegou que o Consórcio Guaicurus nunca apresentou fluxo de caixa dos últimos 13 anos sobre as atividades do transporte coletivo em Campo Grande.

O fluxo de caixa controla a entrada e saída de dinheiro de uma empresa. Por meio dele é possível ter conhecimento sobre a situação financeira do grupo. “Até hoje o Consórcio não nos apresentou fluxo de caixa”. Assim, destacou que é “impossível saber se estão tendo prejuízo grande” sem os dados de comprovação. Posteriormente, o grupo de empresas encaminhou um ofício ao colegiado negando a acusação e alegando que é obrigado a informar esses dados ao Executivo sempre que é requisitado, “o que é sempre atendido prontamente”. Porém, não teria dado exemplos de quando essas informações foram repassadas.

Diante disso, a vereadora Ana Portela também questiona como o Executivo e o Legislativo têm concedido subsídios e isenções ao Consórcio Guaicurus milionárias sem saber sobre a real situação da empresa.

“Outra questão também é que tanto o Executivo quanto o Legislativo vem dando esses aportes financeiros sem simplesmente ter acesso a esse fluxo de caixa. Então é outra questão que a gente quer entender para poder apontar no relatório”, afirmou.

O Consórcio Guaicurus será beneficiado com cerca de R$ 64 milhões somente este ano entre subsídios e isenção fiscal do ISS (Imposto Sobre Serviço). Com informações do site Midiamax